Ministro da Defesa admite que "o risco existe" para militares portugueses no Líbano

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Severiano Teixeira esteve no aquartelamento de Shama, onde os militares portugueses estão há cerca de três semanas Tiago Petinga/Lusa

Apesar da instabilidade, Severiano Teixeira descreveu como "calma" a zona onde está aquartelado o contingente nacional.

"Há momentos políticos difíceis, até particularmente mais agudos", admitiu o governante, que hoje visitou os 146 militares portugueses no Líbano, aquartelados no alto de uma colina com vista sobre o Mediterrâneo, junto à localidade de Shama, sólido bastião de muçulmanos xiitas, que constituem o sustentáculo e base de recrutamento do Hezbollah situado a seis quilómetros da fronteira com Israel.

Para o ministro da Defesa, o agravamento da situação política no país, com muitos responsáveis políticos a falarem na possibilidade de um golpe de Estado, reflecte-se sobretudo "em torno da cidade de Beirute" e não no sul do país, "onde a situação é calma". "O risco existe, é uma missão que tem riscos, mas esta zona está calma e os riscos são os espectáveis e estão a ser acautelados", defendeu.

Um dos maiores desafios que a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), e as autoridades libanesas enfrentam é o desarmamento do Hezbollah, responsável pelo rapto de dois soldados israelitas, situação que provocou uma ofensiva militar de Israel em território libanês em Julho deste ano, durante 34 dias.

Os líderes do Hezbollah já asseguraram não tencionar entregar armas, apesar dos apelos das Nações Unidas nesse sentido.

A "situação regional do Médio Oriente" e a "evolução da situação política" dominaram o encontro desta manhã de Severiano Teixeira com o primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora, cuja residência oficial é agora uma autêntica fortaleza rodeada de arame farpado, uma muralha feita de blocos de betão, guardada em permanência por tanques M113 de fabrico norte-americano.

Em redor do edifício, junto a um acampamento improvisado de tendas brancas, ouvem-se ainda palavras de ordem pró e contra o primeiro-ministro libanês, gritadas por pequenos grupos de manifestantes que teimam em não abandonar o local.

Durante o encontro, o chefe de Governo libanês sublinhou a Severiano Teixeira a missão da UNIFIL, actualmente com 22 países e mais de dez mil militares no terreno, como um factor de estabilização do país.

Militares portugueses chegaram ao Líbano há três semanas

O comandante do contingente português, tenente-coronel Firme Gaspar, um dos militares há três semanas no Líbano, caracterizou, por sua vez, como de "calma aparente" a situação vivida na região onde opera a unidade de engenharia do Exército. "Dentro da área de operações existe uma calma aparente, nada do que se vive em Beirute. Estamos a trabalhar no nosso acampamento e tudo está a correr como planeado", adiantou, acrescentando que a relação com a população da região de Shama tem sido "muito amistosa".

A viverem desde há dias em contentores pré-fabricados, que substituíram as tendas de campanha que lhes tem servido de tecto desde que chegaram a Shama, os militares nacionais começaram já a assumir missões fora do seu aquartelamento.

No momento em que o ministro da Defesa visitava o contingente reunido no aquartelamento de Shama, um grupo de militares estava a ajudar a construir um acampamento de um batalhão nepalês, na zona leste da região sul do Líbano sob alçada da UNIFIL. "A dificuldade essencial tem sido o solo e a rocha. Torna-se difícil operar com o nosso equipamento em terreno tão rochoso como este", confessou Firme Gaspar.