Ricardo Bexiga critica "grave promiscuidade" entre desporto e política

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Ricardo Bexiga foi hoje ao Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto Estela Silva/Lusa

Na sequência das queixas contra desconhecidos, que apresentou aquando da agressão, Ricardo Bexiga foi hoje ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto juntar ao processo um exemplar do livro "Eu, Carolina", de Carolina Salgado, que revela detalhes sobre a ocorrência.

A autora revela no livro que a agressão sofrida por Ricardo Bexiga, a 25 de Janeiro de 2005, foi perpetrada a mando do presidente do FC Porto, Pinto da Costa, e pela qual Carolina Salgado teria pago aos agressores.

Ricardo Bexiga foi agredido por dois indivíduos encapuzados quando saía do seu escritório.

"Apito Dourado não tem só a ver com corrupção desportiva"

Segundo o actual deputado do PS, o que vem escrito no livro da ex-companheira de Pinto da Costa "demonstra que o processo Apito Dourado não tem só a ver com corrupção desportiva".

"Tem a ver também com a promiscuidade, extremamente grave, entre a política e o desporto", afirmou Ricardo Bexiga, que falava aos jornalistas antes de entrar nas instalações do DIAP, na Rua da Constituição, no Porto.

Ricardo Bexiga, que já anteriormente tinha sido ouvido na Polícia Judiciária no âmbito do processo Apito Dourado (sobre corrupção no futebol português), disse também que Carolina Salgado o procurou há dois meses, contando-lhe que ia publicar um livro onde relatava a agressão e confessava a sua intervenção no caso.

"Pediu-me desculpa, eu aceitei, e, a partir daí, nunca mais falei com ela", contou Ricardo Bexiga, que classificou Carolina Salgado como uma mulher corajosa.

Bexiga com dúvidas sobre se poderia ir ao DIAP "em segurança"

O parlamentar e também advogado garantiu que acordou hoje com dúvidas sobre se poderia deslocar-se ao DIAP "em segurança".

"O que está em causa neste processo e noutros processos graves em Portugal é a separação entre a servidão e a liberdade. Temos condições para ter intervenção cívica em Portugal?", questionou Ricardo Bexiga.

Nas suas declarações, Ricardo Bexiga fez um apelo ao procurador-geral da República, Pinto Monteiro, e ao ministro da Justiça, Alberto Costa, "no sentido de darem todas as condições para que os órgãos de investigação criminal funcionem em Portugal e possam esclarecer os factos gravíssimos" relatados no livro de Carolina Salgado, recentemente publicado.

"Vou acreditar no funcionamento da justiça. Sou advogado", afirmou ainda Ricardo Bexiga.