PJ atrasou audição de Vieira para não dar razão a jornal

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Luís Filipe Viera Estela Silva/Lusa (arquivo)

As autoridades há muito que admitiam chamar Luís Filipe Vieira para prestar declarações, constituindo-o na altura arguido devido às suspeitas, mas uma notícia do jornal 24 Horas baralhou as investigações. Aquele diário deu então conta de que o presidente do Benfica seria confrontado com a diligência num futuro próximo, o que baralhou a estratégia da investigação. E levou até a PJ a desmentir a sua existência, no que dizia respeito a Luís Filipe Vieira, bem como permitiu ao próprio o rápido desmentido e até protagonizar o incidente, tornado público na altura, de invadir a redacção do jornal detido pela Oliverdesportos, exigindo ser recebido pelo seu presidente da administração.

Segundo o PÚBLICO apurou, está então em causa um alegado desvio de parte da verba paga pela transferência do jogador, aquando da compra de 50 por cento do seu passe. Pedro Mantorras custou um milhão de euros ao Benfica, dinheiro esse pago em cinco cheques, que não se encontram nos cofres do Alverca.

A adensar o mistério está o facto de Luís Filipe Vieira ter sido detentor de parte do passe do jogador. Quando aquele foi transferido de um clube angolano foi o empresário Jorge Mendes e Luís Filipe Vieira que adquiriram os seus direitos. Luís Filipe Vieira garante que cedeu o passe imediatamente ao clube, mas os contornos deste processo não estão claros.

E certo parece ser que pelo menos 1,5 milhões de euros terão sido levantados imediatamente após o seu depósito nas contas do Alverca, para permitir a compra de um jogador que mais tarde se veio também a transferir para o Benfica.

Ainda segundo o PÚBLICO apurou, também não é líquido o papel no negócio do agora presidente do Benfica. Quando deu início ao processo de transferência para o clube da Luz fê-lo na qualidade de vendedor, acabando o negócio, depois, já como comprador.

Primeiro arguido há três anos

Jorge Mendes, o empresário envolvido na transacção do jogador, foi constituído arguido pela Polícia Judiciária em Dezembro de 2003. Depois, no ano seguinte, foi ouvido Paulo Barbosa, também envolvido no negócio, efectivando-se apenas agora a audição de Vieira.

As autoridades investigam, neste processo, os crimes de burla qualificada, branqueamento de capitais e fraude fiscal. O lesado pelos alegados crimes é o Alverca, que agora tem como presidente Manuel Vilarinho, também ele ex-número um do Benfica. As investigações estão atrasadas e tudo indica que a eventual acusação ainda demore a ser deduzida.

Refira-se, ainda, segundo ontem foi noticiado pelo Jornal de Notícias, que Luís Filipe Vieira foi constituído arguido no dia 17 de Novembro. Terá sido então poucos dias depois de ter sido ouvido pela Polícia Judiciária, a propósito da transferência de Fabrizio Miccoli, que se deu a inquirição, mantida no mais absoluto segredo para que a PJ não fosse acusada de prejudicar o clube em vésperas de jogos considerados vitais.

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