Comissão que investiga voos da CIA refuta críticas de Luís Amado
Ontem, numa carta dirigida a Carlos Coelho, o ministro Luís Amado acusou a comissão do Parlamento Europeu de apresentar conclusões que ignoram as investigações do Governo português e advertiu que essa atitude pode condicionar a reunião de hoje à tarde com a delegação da comissão.
"Acho que se tratou de um equívoco", afirmou Carlos Coelho à saída das audições com responsáveis do Instituto Nacional de Aviação Civil, da Navegação Aérea de Portugal e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
O eurodeputado português salientou que o projecto de relatório divulgado pela comissão a 28 de Novembro — que está na base do desagrado manifestado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros — não é um relatório final.
"O Parlamento Europeu é uma autoridade multinacional e multilinguística, trabalha com 20 línguas oficiais", disse, justificando a necessidade de o trabalho não poder ficar concluído em cima do prazo limite.
Segundo Carlos Coelho, o projecto de relatório "irá ser completado depois de terminadas algumas missões", incluindo a que está a ser realizada hoje em Portugal.
Comissão suspeita de 22 voos da CIA em PortugalEm relação a Portugal, o projecto de relatório da comissão regista a existência de 22 escalas suspeitas realizadas por aviões operados pela agência central de informações norte-americana, CIA.
O ex-ministro da Defesa Paulo Portas e o ex-ministro da Administração Interna Figueiredo Lopes recusaram o convite para serem ouvidos sobre o transporte de pessoas acusadas de terrorismo pelos Estados Unidos, sublinhando que já não estão em funções e reafirmando o desconhecimento de quaisquer ilegalidades durante o período em que estiveram no executivo.
A eurodeputada Ana Gomes, autora da proposta de audição de Paulo Portas e Figueiredo Lopes, reiterou a importância de estes ex-responsáveis serem ouvidos.
"Lamento que não tenham vindo e espero que possam ser ouvidos noutra oportunidade", afirmou Ana Gomes, rejeitando a justificação de que ambos já não pertencem ao Governo.