Litvinenko: autoridades russas avisam que vão liderar investigações no país
Nove agentes da Scotland Yard estão desde ontem em Moscovo para recolher informações que possam ajudar a explicar a morte de Litvinenko, envenenado com polónio-210, uma substância rara e altamente radioactiva.
A morte do antigo espião, que foi hoje sepultado, está a criar constrangimentos nas relações entre o Reino Unido e a Rússia, em especial depois da difusão na imprensa britânica de uma carta escrita por Litvinenko antes de morrer, na qual responsabiliza o Presidente russo, Vladimir Putin, pela sua morte.
"À luz das práticas internacionais seremos nós a conduzir as investigações em território russo", afirmou o procurador, durante uma conferência de imprensa na capital russa.
"Vamos fazer os interrogatórios e eles podem estar presentes. Claro que eles podem pedir autorização para conduzir as entrevistas e nós podemos ou não autorizar", acrescentou.
Questionado sobre a eventual extradição de suspeitos, Iuri Chaika afirmou que "isso não será possível", argumentando que qualquer cidadão russo que venha a ser acusado no âmbito deste caso será julgado no país e não num tribunal britânico.
O responsável garantiu que, até ao momento, a polícia não acusou ou identificou nenhum suspeito de envolvimento na morte do antigo espião. Contudo, Moscovo compromete-se a facilitar o acesso dos investigadores britânicos a Andrei Lugovoi, outro ex-agente do KGB que se encontrou com Litvinenko, no bar de um hotel londrino, horas antes de este ter sido hospitalizado com os primeiros sintomas de envenenamento.
Esta tarde, em declarações por telefone à AFP, Lugovoi disse estar "pronto a responder a todas as questões que interessam à Scotland Yard", aguardando apenas ser chamado a prestar declarações.
O antigo espião russo revelou que ainda está a ser submetido a exames para determinar se foi também contaminado com polónio-210, mas mostrou total disponibilidade para colaborar com as investigações e pôr fim à sua participação "nesta história escandalosa".