O Mar Salgado afundou-se na noite de ontem à entrada do porto de pesca de Setúbal, junto à muralha, onde estava a fazer um reabastecimento de combustível.

"O maior problema poderá ser a contaminação da cadeia alimentar uma vez que as zonas mais sensíveis do estuário — os sapais — estão bastante afastados do local onde se encontra o navio e os golfinhos também utilizam preferencialmente o canal Sul", disse Francisco Ferreira.

O canal Sul do Sado fica próximo da margem esquerda do rio, mais perto da península de Tróia.

De acordo com o ambientalista, a zona Norte do estuário, onde ocorreu o acidente com o arrastão Mar Salgado, tem uma dinâmica mais fraca, o que significa que o tempo de permanência do gasóleo que possa vir a ser derramado poderá ser de dois ou três dias. Francisco Ferreira salientou, no entanto, que o facto de o barco estar junto a um muro e de se poderem colocar barreiras permite conter mais facilmente um eventual derrame.

No que respeita a consequências de um derrame de gasóleo no estuário do Sado, Francisco Ferreira reconheceu que é bastante difícil fazer qualquer previsão uma vez que tudo depende do transporte de gasóleo, provocado pelas correntes e pelas marés.

O vice-presidente das Quercus adiantou que, em termos comparativos, um derrame de gasóleo é menos grave do que um derrame de crude porque uma grande parte do gasóleo dissolve-se e evapora.

O director de navegação e segurança da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, Rui Silvestre, disse que o navio não deverá ser removido hoje até porque ainda não há nenhumas indicações sobre a operação.

"É uma operação que terá de ser coordenada com a administração dos portos de Setúbal e Sesimbra, mediante uma proposta que terá de ser apresentada pelo armador [Sociedade Lisbonense Pesca do Bacalhau Limitada de Aveiro]", disse.

O director adiantou que a embarcação "não sofreu qualquer rombo nos tanques" e que a retirada do combustível antes da remoção do navio dependerá daquilo que a proposta do armador determinar.