Filipinas: corpos de muitas vítimas do tufão podem não ser recuperados

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As encostas do Mayon deveriam ser desocupadas, defende a Cruz Vermelha Dennis M. Sabangan/EPA

A Presidente filipina, Gloria Macapagal Arroyo, declarou ontem o estado de calamidade no país. O tufão, que ruma agora ao Vietname, com menor força, fez pelo menos 450 mortos no centro do arquipélago e 600 desaparecidos. No total, mais de um milhão de pessoas foram afectadas pelo tufão.

Os aldeões que moravam nas encostas e no sopé do vulcão Mayon foram os mais afectados. A passagem do tufão teria sido dura apenas para a região, mas o facto de o vulcão Mayon estar em plena actividade e de ter registado uma erupção em Julho agravou os estragos nas zonas adjacentes. Durante a erupção, o vulcão libertou milhões de toneladas de rochas e cinza vulcânica para as encostas e continua ainda em actividade. A chuva trazida por vários tufões terá soltado os materiais acumulados nas encostas e o Durian desencadeou uma torrente de lama e pedras que gerou os deslizamentos de terras fatais.

Hoje, Richard Gordon, responsável da Cruz Vermelha local, admitiu que "vai ser muito difícil, extremamente difícil, recuperar todos os corpos" das vítimas, estimando que entre 700 e mil pessoas tenham morrido.

Ainda assim, as equipas de resgate continuam a trabalhar na zona do Mayon, na província de Albay, com mineiros, soldados e equipas especializadas com cães a revolver os escombros e os detritos, recuperando por vezes corpos ou partes de cadáveres.

Até o Novo Exército do Povo, um grupo rebelde comunista que vive há 40 anos um conflito com o governo filipino, enviou os seus homens para o local, para ajudar nos trabalhos. "Foram os camponeses pobres e explorados que sofreram principalmente o peso das catástrofes naturais e causadas pelo homem", justificou o porta-voz do grupo, o rebelde Gregorio "Ka Roger" Rosal.