Manifestantes entram no terceiro dia de contestação ao governo libanês
Os manifestantes instalaram-se em dois locais no centro da capital libanesa na sexta-feira, no âmbito de uma manifestação em que participaram centenas de milhares de simpatizantes pró-sírios, mobilizada pelo movimento xiita Hezbollah.
A oposição liderada pelo Hezbollah jurou ocupar o centro de Beirute até à demissão do primeiro-ministro, Fouad Siniora.
A manhã arrancou com tranquilidade. Nas ruas, junto aos manifestantes, vêem-se vendedores de comida a fornecer os pequenos-almoços e manifestantes a ler o jornal. Longas filas estendem-se até às casas de banho portáteis mas os cânticos de protesto da noite anterior não se silenciam: "Beirute é livre, Siniora na rua".
O Hezbollah xiita pró-sírio tem sido a ponta de lança destas manifestações, em que participam as outras formações da oposição: o movimento xiita Amal, a Corrente Patriótica Livre (CPL) e partidos libaneses pró-sírios. A oposição, apoiada tanto pela Síria quanto pelo Irão, exige o poder de veto no governo eleito e cuja maioria é composta por políticos anti-sírios.
O governo argumenta, por seu turno, que a oposição apenas quer enfraquecer o governo e atrasar a investigação das Nações Unidas e o tribunal da ONU que irá julgar os responsáveis pelo assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik al-Hariri, no ano passado. As investigações preliminares da ONU implicam agentes de segurança libaneses e sírios na morte a tiro de Hariri.
O Governo perdeu nas últimas semanas seis ministros pró-sírios e o cristão Pierre Gemayel, assassinado a 21 de Novembro.
A oposição quer impor eleições antecipadas a um governo que considera ser pró-Americano. O governo acusa os xiitas de quererem impor ao país uma tutela iraniana e o regresso da tutela síria, depois da retirada das últimas tropas de Damasco, em 2005, ter aberto caminho à vitória do campo pró-ocidental.
Os manifestantes são mantidos por forças do exército libanês a uma distância de aproximadamente cem metros da sede do governo.