Scaramella pode correr risco de vida após envenenamento por radiação

Foto
O académico italiano está hospitalizado Ciro Fusco/EPA

Mario Scaramella é um perito em segurança italiano com quem Litvinenko almoçou no dia 1 de Novembro, num bar de sushi em Piccadilly. Litvinenko morreu enveneado por radiação na semana passada.

O jornal "Daily Mirror" cita hoje uma fonte policial anónima que indica que "os médicos estimam que as hipóteses de sobrevivência (de Scaramella) são praticamente nulas. Eles pensam que ele vai decair cada vez mais e que vai morrer".

Para os médicos, segundo a fonte policial, "será um milagre se ele viver muito mais tempo".

Também o tablóide "The Sun" noticia hoje que o consultor internacional "está perigosamente doente". O "Daily Mail" diz que a vida de Mario Scaramella tem a vida em perigo.

Estas notícias não vão ao encontro das explicações oficiais sobre o estado de saúde de Scaramella. O porta-voz do hospital onde o italiano se encontra internado disse ontem que o paciente se encontra "bem" e que não apresenta "qualquer sinal de envenenamento por uma substância radioactiva". Apesar de ter estado exposto à substância, o nível de polónio 210 detectado no seu organismo "é consideravelmente mais baixo do que o de Litvinenko", disse a mesma fonte oficial.

Almoço de alvos

Segundo fontes próximas de Litvinenko, um opositor declarado do Presidente russo, Scaramella entregou-lhe durante o almoço de 1 de Novembro uma lista de potenciais “alvos” dos serviços secretos russos, na qual constavam os nomes dos dois. O italiano ter-lhe-á também dito que estava na posse de “informações muito interessantes” sobre a morte da jornalista russa Anna Politkovskaia, assassinada em Setembro em Moscovo.

A imprensa britânica de hoje destaca ainda o conteúdo do almoço entre os dois homens. O "Daily Telegraph" publica mesmo excertos de um memorando enviado por um investigador russo ao ex-membro do KGB em que os serviços secretos russos e um grupo de veteranos chamado "Dignidade e Honra", dirigido pelo coronel russo Velentin Velichko, são acusados de querer atingir mais de cinco pessoas, entre as quais Litvinenko, consideradas incómodas para os interesses russos.

O documento em causa nomeia Litvinenko, Scaramella e do empresário Boris Berezovski, bem como do senador italiano Paolo Guzzanti, presidente da comissão Mitrokhin que investigou as actividades do KGB em Itália durante a Guerra Fria.

Os nomes foram discutidos entre os oficiais dos serviços secretos russos (SVR) e estes falavam cada vez mais da necessidade se usar a força contra os visados no memorando.

O documento foi redigido por Evgueni Limarev, especialista nestas associações secretas, cujo pai era agente do KGB e que vive hoje na Suíça. Nele se acusa o grupo "Dignidade e Honra" de estar na origem da morte da jornalista Anna Politkovskaia, morta a tiro à porta da sua casa em Moscovo em Outubro.

Polónio 210 provavelmente fabricado na Rússia

O polónio 210 utilizado para envenenar o antigo agente secreto russo Alexander Litvinenko, falecido a 23 de Novembro, foi provavelmente fabricado num reactor nuclear na Rússia, escreve hoje também o diário britânico "Daily Telegraph".

"Os cientistas de Aldermaston puderam determinar que o polónio 210 foi fabricado pela mão do homem e, igualmente, que a fonte é provavelmente um reactor russo", adianta o jornal.

Em Aldermaston, Berkshire, a noroeste de Londres, funcionam o centro Atomic Weapons Establishment e a única fábrica de armas nucleares do Reino Unido.

O ministério da Defesa britânico escusou-se a comentar a notícia.

Sugerir correcção
Comentar