Espólio de Cesariny integrará Centro de Estudos do Surrealismo em Famalicão

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Além das obras de Cesariny (à esq) o centro conta também com o espólio de Cruzeiro Seixas (à dire) António Cotrim/Lusa (arquivo)

O espólio do poeta e pintor Mário Cesariny, que morreu na última madrugada em Lisboa, foi doado à Fundação Cupertino de Miranda, em Famalicão, onde a autarquia prepara a construção de um Centro de Estudos do Surrealismo (CES).

O poeta e pintor Mário Cesariny foi considerado o principal representante do surrealismo português, tendo integrado, em 1947, o Grupo Surrealista de Lisboa.

Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Famalicão, Armindo Costa, explicou que o CES vai ser construído de raiz, sob projecto do arquitecto Duarte Nuno, numa "zona nobre", entre o parque urbano e o centro da cidade. "A expectativa mais optimista é a de que obra arranque até ao final deste mandato autárquico" em 2009, afirmou.

O autarca – que disse não poder calcula nesta fase o custo global da obra – admitiu que possa integrar um conjunto de equipamentos financiáveis pelo Governo, caso seja aprovada a candidatura do vizinho município de Guimarães a Capital Europeia da Cultura de 2012. Armindo Costa afirmou que o seu homólogo de Guimarães "já referiu o seu desejo de transformar a Capital Europeia da Cultura num projecto congregador das potencialidades culturais da região".

A gestão do futuro centro será feita numa parceria da Câmara Municipal e da Fundação Artur Cupertino de Miranda, à qual Mário Cesariny doou, há alguns meses, um espólio constituído por biblioteca, desenhos e pinturas. O poeta e pintor seguiu o exemplo do amigo Cruzeiro Seixas que em 1999 doara já a totalidade da sua colecção à fundação de Famalicão, com vista à construção do centro de estudos.

Para Armindo Costa, que por inerência do cargo é também dirigente da fundação, ao juntar os dois importantes espólios, Famalicão "será, doravante, incontornável para quem quiser estudar o movimento surrealista português".

O presidente da Câmara esclareceu que Cesariny não tem raízes em Famalicão, mas decidiu confiar-lhe o seu espólio porque "viu que havia na cidade vontade e garantia de que seria preservado e dinamizado".

O poeta e pintor Mário Cesariny morreu esta madrugada em sua casa, em Lisboa, aos 83 anos. O corpo de Cesariny estará em câmara ardente a partir das 18h00 no Palácio Galveias, em Lisboa, de onde partirá, às 1400 de amanhã, para o cemitério dos Prazeres.

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