Socialistas franceses decidem se querem Ségolène no Eliseu
Hoje é dia de trégua, com o voto interno dos 219 mil militantes. Os candidatos à candidatura são os antigos ministros Ségolène Royal, Dominique Strauss-Kahn e Laurent Fabius (este foi também chefe do Governo, nos anos 1980).
A campanha radicalizou-se ao longo de seis semanas de debates televisivos (inesperadamente interessantes) e de debates públicos bem mais agitados. Neste mês e meio, ficou sobretudo confirmado o "fenómeno Ségolène". Pela primeira vez, em França, as sondagens indicam que os eleitores estariam dispostos a confiar a presidência da quinta economia mundial e de uma das potências nucleares ocidentais a uma mulher.
Quatro sondagens diferentes realizadas só esta semana confirmam o estatuto de "favorita" de Ségolène. Mas a determinação dos rivais permanece intacta: "Ninguém tem certezas, porque ninguém conhece a relação de forças entre os militantes. As sondagens interrogam os simpatizantes", assegura Strauss-Kahn ao diário Le Figaro. Por seu lado, Fabius pediu aos militantes que votem "com toda a liberdade", sem confiarem "na Santa Ifop ou na Santa Sofres", ou seja, nos institutos de sondagens.
Nos últimos dias, os ataques anónimos concentraram-se em Ségolène com a divulgação na Internet de um vídeo privado em que a candidata critica o "pouco trabalho dos professores". Depois de ter denunciado esta "golpada suja", Ségolène Royal, que cita frequentemente o defunto Presidente François Mitterrand, fala agora na "força tranquila" - o slogan político que continua a ser referência absoluta do socialismo francês triunfante do tempo de Mitterrand, apesar dos escândalos que mancharam os seus últimos anos de poder.
Ségolène reivindica também a sua feminilidade para simbolizar a ambição de "mudança política", e acusa Fabius e Strauss-Kahn de "machismo". Ambos refutam.
Cerca de um terço dos 219 mil militantes convidados a votar aderiram ao PSF apenas este ano, durante a campanha de Primavera na Internet, que simplificou o processo de adesão e reduziu as quotas para apenas 20 euros, em vez de uma percentagem do salário. Mas o voto destes novos recrutas é uma incógnita total, dando assim maior interesse a esta primeira volta das primárias para a liderança. Sabe-se apenas que a principal motivação dos novos militantes foi a possibilidade de escolherem o candidato socialista ao Eliseu. No entanto, a maioria aderiu quando a popularidade de Ségolène descolou nas sondagens, o que faz com que os conselheiros da candidata acreditem que o voto lhe será favorável.
Os três pretendentes irão votar hoje nas respectivas federações, na província. Nenhum prevê deslocar-se à sede do PSF, na rua de Solferino, em Paris, o centro nevrálgico do apuramento dos votos. Também não está prevista projecção dos votos, às 22h, quando fecham as urnas. Se nenhum dos candidatos obtiver a maioria, haverá segunda volta a 23 de Novembro.