Adaptação será o tema central da conferência do clima em Nairobi

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Há países em que os efeitos do aquecimento global podem ser mais visíveis AP (arquivo)

A capital do Quénia, Nairobi, recebe duas reuniões simultâneas. Uma delas é a 12.ª conferência da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, que integra 189 países - praticamente o mundo tudo. A outra é a segunda reunião formal dos países que ratificaram o Protocolo de Quioto, o acordo que obriga os países desenvolvidos a limitarem as suas emissões de gases com efeito de estufa.

Quioto continua minado pela ausência dos Estados Unidos, que abandonaram o protocolo em 2001. Mas a discussão de como envolver os EUA num eventual novo acordo para suceder Quioto estará mais nos corredores de Nairobi.

O principal resultado que poderá sair da conferência tem a ver com um fundo de adaptação, já criado, mas que precisa ser regulamentado. Além de contribuições voluntárias, o fundo receberá dinheiro do chamado "mecanismo de desenvolvimento limpo" (MDL), previsto no Protocolo de Quioto.

Através deste mecanismo, nações industrializadas podem investir em projectos que signifiquem menos emissões de gases com efeito estufa nos países em desenvolvimento. A diferença transforma-se em créditos de emissões, que podem ser utilizados para compensar a poluição interna dos países investidores ou vendidos no mercado.

O que divide os países que estão no Protocolo de Quioto é como será gerido o fundo. Uma das soluções possíveis seria atribuir a gestão ao Fundo Mundial para o Ambiente (GEF), uma organização financeira internacional criada em 1991 para apoiar projectos nos países em desenvolvimento. Mas estes mesmos países torcem o nariz à ideia, por entenderem que estão mal representados nos órgãos de gestão do GEF.

Embora apareça mais em segundo plano, financiar a adaptação do mundo em desenvolvimento é um ponto essencial do Protocolo de Quioto. As alterações climáticas poderão ter efeitos pesados sobre os países mais pobres. África é um continente particularmente vulnerável, segundo um relatório divulgado ontem pelas Nações Unidas.

Além disso, o sistema de observação climática em África é muito deficiente. "Estimamos que África necessite de 200 estações meteorológicas automáticas, um grande esforço de recuperação de dados históricos e mais treino e formação", afirma Michel Jarraud, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, num comunicado.

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