Os vestidos mágicos de Diane Von Furstenberg

Designer belga que é um ícone do mundo da moda esteve em Lisboa para uma conferência e para dar a conhecer a colecção de joalharia que criou para
a H. Stern

Entrou na sala da Faculdade de Arquitectura de Lisboa e deparou com algumas peças criadas pelos alunos finalistas de Design de Moda. O que mais lhe despertou a atenção foi uma bolsa com diversos compartimentos: carteira para moedas e documentos e espaço para uma garrafa de água. "É bonita e ideal para as minhas escaladas", por isso, comprou-a, por 17 euros.Aos 59 anos, Diane Von Furstenberg, a estilista americana que se tornou famosa ao criar o wrap dress (vestido em jersey tipo quimono) nos anos 1970, deslocou-se a Portugal para participar nas conferências que a ModaLisboa organiza em colaboração com a Faculdade de Arquitectura, e também para dar a conhecer a colecção de joalharia que criou em colaboração com a H. Stern, e que agora chegou ao nosso país.
Diane falou do seu percurso na moda, uma história com altos e baixos, "com coisas boas e muitos erros", com os quais aprendeu. Nasceu na Bélgica, mas cedo rumou aos Estados Unidos, para fugir à "chatice", e à chuva, do seu país. No início, não pensou fazer carreira na moda, queria apenas ser uma mulher independente. Foi um amigo italiano que a introduziu no meio, numa fábrica que produzia jerseys e trabalhava muito bem os estampados: "De repente, estava lá, sem imaginar que poderia significar alguma coisa na minha vida".
Começou pelos vestidos-camiseiros. "O primeiro que fiz foi um wrap top, como os das bailarinas, e vendia-os com saias", recorda. Tornou-se popular. Foi aí que lhe surgiu a ideia de adaptar a peça a vestido: nascia assim o wrap dress, que ia ser desejado por todas as mulheres americanas. A seguir, lançou-se também no mundo dos cosméticos.
Princesa, estilista, empresária de moda e personalidade do jet-set americano, Diane viu o seu negócio passar por altos e baixos. Chegou a ser a sétima mulher de negócios do país, e a ter honras de capa no Wall Street Journal, em 1976. Mas a má gestão levou-a a ter de mudar-se para Paris. "Pensei que o mundo da moda tinha acabado para mim", recorda.
Regressou à América e conseguiu recuperar a sua marca: recorreu às vendas num canal de televisão, com inesperado sucesso. Comprou todas as licenças que tinham o seu nome, e voltou a comercializar os seus vestidos nos armazéns Sacks Avenue. O slogan que escolheu para atrair clientes deixou dúvidas a muitos: "Alguma coisa em ti lembra-me a tua mãe". Não sabe explicar porque escolheu esta frase, mas a mensagem passou, e a sua roupa começou a ser comprada por jovens modelos ou actrizes, como Sarah Jessica Parker ou as "endiabradas" irmãs Hilton.
Hoje em dia, a sua marca é distribuída em 42 países, com lojas em Paris, Londres e Nova Iorque.
Diane Von Furstenberg é também uma apaixonada e coleccionadora de jóias. Foi assim que procurou a colaboração com a H. Stern. "Primeiro tentei o pai, como não consegui, convenci o filho", conta, adiantando ter criado uma jóia em forma de coração inspirada numa peça de joalharia portuguesa do século XV, comprada num antiquário de Sintra.
Mas é roupa que gosta de criar e, nos seus projectos, está a criação de linhas de acessórios. "A roupa é mágica. Não sou eu que atraio as pessoas, mas sim as minhas criações. As mulheres inspiram-me e eu inspiro-as e ajudo-as a serem mais confiantes", remata Diane von Furstenberg.

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