Grupo de cidadãos organiza petição em defesa do cinema Foco
Projecto de ampliação do Hotel Tivoli prevê destruição da sala, que há vários anos deixou de exibir filmes
Um grupo de cidadãos está a preparar uma petição em defesa da preservação do antigo cinema portuense Foco. Na origem da inquietação dos activistas está o projecto de ampliação do Hotel Tivoli, localizado no mesmo imóvel, que implicará a destruição daquela sala onde há vários anos deixaram de se exibir filmes. Mesmo tendo o espaço perdido todo e qualquer uso, os peticionários, que pretendem enviar o abaixo-assinado à Câmara do Porto e ao Ippar (Instituto Português do Património Arquitectónico), entendem que a sala é um "património em bom estado, de grande qualidade espacial e com história nos eventos culturais contemporâneos".
Os subscritores alegam ainda ser possível duplicar o número de quartos do Tivoli "sem violar as normas do PDM [Plano Director Municipal] e sem destruir um espaço de múltiplas valências, cujo valor não tem paralelo na cidade do Porto e na Região Norte". E concluem: "[Este] é um erro que se paga caro, como foi o da demolição do Palácio de Cristal e com ele a jóia que era a Sala Gil Vicente".
Segundo Nuno Casimiro, um dos animadores da petição, a iniciativa já contou com o apoio dos arquitectos Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto Moura, bem como da bastonária Helena Roseta. À hora do fecho desta edição, a petição contava com 38 assinaturas.
O cinema Foco está situado na urbanização homónima junto à Avenida da Boavista. O desenho urbanístico desse conjunto (no conceito de uma verdadeira "cidade nova") data do início da década de 70 e conta com os traços dos arquitectos João Serôdio, João Magalhães Casimiro e Agostinho Ricca. Este último, ao que garantiu Nuno Casimiro, sempre recusou dar aval a qualquer projecto que implicasse a destruição do cinema.
Estreado a 8 de Novembro de 1973, o Foco, com uma lotação total de 428 lugares, teve como primeiro programador o cineasta Lauro António.