Wolfmother

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Eles têm medusas voluptuosas na capa da estreia. Eles falam de unicórnios brancos, pirâmides e feitiçarias. Eles são da Austrália, terra dos AC/DC e dos Datsuns. Apresentem-se os Wolfmother, três australianos que entraram há pouco nos vintes e que gostam de ler JRR Tolkien enquanto ouvem Ozzy Osborne berrar "I am iron man!".

Posto isto, o resto da verdade: os Wolfmother são um power-trio de recorte clássico a devolver dignidade à designação. Como muito do melhor rock'n'roll, estão deliciosamente a um passo do ridículo. Um festim bombástico de fuzz, stomp demoníaco, mitologias pop e urgência juvenil. De tempos a tempos precisamos de bandas como os Wolfmother, deste abandono a clichés criteriosamente ordenados numa garagem pouco iluminada. Os Led Zeppelin e os Black Sabbath encontrando-se no turbilhão de "White Unicorn", os Blue Cheer a devorarem os Soledad Brothers na Route 66 ("Dimension"), os Queens Of The Stone Age a fingir que ouviram discos dos Caravan ("Pyramid") e Jon Lord em jam violenta com os Von Bondies ("Woman"). Pelo meio, um par de perigosos pastiches dos White Stripes mas, no calor do momento, atiramos às malvas a racionalidade e comportamo-nos como miúdos a descobrir o prazer de tocar um disco de rock’n’roll no volume recomendado – o máximo, naturalmente. Tão ridículo. Tão ridiculamente saboroso.

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