Câmara recusa hipermercado para os terrenos da Ovarense

Proposta do grupo Feira Nova foi chumbada por unanimidade. "Seria um crime urbanístico para a cidade", diz vereador

A Câmara de Ovar deu parecer negativo ao pedido de instalação de uma superfície comercial da cadeia Feira Nova no espaço onde actualmente se encontra o estádio de futebol do clube da Associação Desportiva Ovarense. A decisão foi tomada por unanimidade na última reunião do executivo municipal. O vereador das Obras Públicas e Particulares, José Américo, explica que o parecer foi solicitado pela Direcção Regional da Economia do Centro. Ao que o PÚBLICO apurou, a ideia do grupo Jerónimo Martins era a instalação de um hipermercado Feira Nova numa área de cinco mil metros quadrados, com um parque de estacionamento à superfície, que ficaria nas traseiras de uma escola do 1.º ciclo do ensino básico. "A câmara analisou a exequibilidade das pretensões em função da localização", explicou o vereador. "O interesse colectivo não estava salvaguardado".
O parecer técnico dos serviços camarários colocava uma série de reservas à instalação do hipermercado naquela área, a começar pelas acessibilidades. "O único arruamento disponível é uma rua de sentido único, com um perfil de 4,5 metros", especifica, acrescentando que isso iria condicionar as cargas e descargas de camiões carregados com grandes quantidades de produtos. "Não há dúvida de que seria um crime urbanístico para a cidade", justifica, revelando que na proposta apreciada "não foi apresentada qualquer alternativa aos acessos existentes".
José Américo destaca ainda a existência de uma escola do 1.º ciclo do ensino básico junto ao actual estádio de futebol. "Como reagiriam os pais das cerca de 160 crianças se a escola ficasse confinada com uma superfície comercial?", questiona, concluindo: "O processo foi analisado objectivamente, baseado num parecer técnico e não decidimos em função de interesses particulares".
Seja como for, a localização do Feira Nova não é um assunto totalmente fechado, já que ainda pode dar entrada na câmara o pedido de licenciamento. No entanto, o parecer negativo dado pelo executivo municipal é já um indicativo de que a estrutura comercial não é bem-vinda para o local onde se encontra o estádio. "A câmara não fecha as portas ao investimento do concelho, desde que as propostas estejam de acordo com o que a autarquia definiu", esclarece José Américo, que entende que a localização de um hipermercado poderia fazer sentido "fora do perímetro urbano de Ovar".

O problema da Ovarense não é de hoje Fonte do grupo Jerónimo Martins garantiu ao PÚBLICO que é política da empresa comentar os projectos apenas quando há a concretização da abertura de uma superfície comercial. "Não existe nenhuma data específica para abertura de um hipermercado em Ovar", assegurou. "O grupo Jerónimo Martins tem apostado na sua expansão. Não é nossa política comentar localizações, só aberturas", reforçou a mesma fonte.
José Américo não receia as críticas que possam ser feitas pelo clube de futebol, uma estrutura que se debate com uma grave crise financeira e que poderia tirar proveitos da instalação de um hipermercado nos terrenos do actual estádio. "O problema da Ovarense não é de hoje. A câmara não pode ser responsabilizada pelos problemas do clube", defende. Pelo contrário, o vereador recorda a aprovação de um plano de pormenor, ao lado do mega-empreendimento comercial e desportivo Sportsforum, que dá possibilidade ao clube futebolístico de construir um novo estádio, um pavilhão, um centro de exposições, bem como explorar um posto de abastecimento de combustível. "Desta forma, a câmara garantiu o futuro da Ovarense", remata.
O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar com a direcção do clube da Ovarense.

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