"Nem menos, nem mais, direitos iguais"

Primeira marcha do orgulho LGBT do Porto sem incidentes, apesar da presença de nacionalistas As palavras de ordem alternavam, alegres, nas vozes incansáveis. Ora "Nem menos, nem mais, direitos iguais", ora "Eu amo quem quiser, seja homem ou mulher". A primeira Marcha do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trangéneros) do Porto saiu ontem. Sem exuberâncias. Por "um presente sem violência", por "um futuro sem diferença".
O Campo 24 de Agosto, ponto de partida do desfile, amanheceu marcado. No balneário municipal, alguém escreveu: "Paneleiros? Não, obrigado". Do outro lado da via: "Paneleiros para a fogueira". Já por volta das 15h00, os activistas concentravam-se e, a uns metros, meia dúzia de nacionalistas tentava içar um cartaz: "Não ao lobby gay". A polícia obrigou-os a guardar o material. Guardaram-no, mas acompanharam a marcha até ao fim (não sem forte vigilância).
A parada arrancou no cenário da morte da transexual e sem-abrigo Gisberta. Gisberta tornou-se um símbolo. "Pelas debilidades e factores de exclusão que acumulava, é um exemplo da incapacidade do Estado em garantir políticas sociais [...] que combatam a exclusão e a degradação do ser humano", sustentava o manifesto distribuído no fim.
O desfile cumpriu-se ao rufar de bombos. Com uma bandeira gigante. Com faixas em prol do reconhecimento de direitos LGBT, mas também da despenalização da aborto. "As pessoas começam a ficar fartas da hipocrisia", interpretava Júlio Esteves, um dos muitos participantes - 200 segundo a polícia, 500 segundo a organização, uns poucos com máscara. Presentes estiveram o BE e o Partido Humanista.
Houve protestos ("Andor! Andor!", resmungava uma rapariga que queria apanhar o autocarro). Alguma troça ("As bichas lá conseguiram parar o trânsito!", ria-se um homem). Muito espanto ("Ai! Meu Deus!", exclamava uma mulher). Mas também reconhecimento (Aceito e respeito", afiançava um rapaz de 15 anos).
A parada pelos direitos humanos - a começar pela "igualdade, independentemente da orientação sexual e da identidade de género" - terminou sem confrontos, na Praça D. João I. A organização revelava-se agradada com o grau de participação e elogiava o trabalho da polícia. "Sendo a primeira, está mais gente do que esperava", comentava Dina Nunes, que veio de propósito de Lisboa com umas amigas para desfilar. Ana Cristina Pereira

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