Músicas do mundo à conquista de Loulé

Na sua terceira edição, o festival do Mediterrâneo rende-se
ao charme exuberante das músicas do mundo

Começou há três anos, ainda no âmbito do Euro 2004 (Loulé foi uma das cidades anfitriãs) e a título experimental. Mas a mistura de música e futebol não resultou. No ano seguinte, o festival virou-se para o centro histórico, com clara vantagem. "Foi aí que começámos a definir a ADN do festival", diz Joaquim Guerreiro, um dos responsáveis pela direcção artística e produção do MED. "Analisámos o que se fazia no Algarve e grande parte das festas é feita com base na comida. Não há um trabalho de programação, os artistas são mais animadores."A escolha da world music seguiu uma tendência europeia, misto de moda e procura de novos caminhos a partir de cruzamentos musicais diversificados. "Na mesma altura há festivais na Bélgica e em Múrcia, com vários artistas em digressão."
Desde 2005 que o MED anda não apenas a compor a sua própria agenda como a tentar promover o festival no estrangeiro. Com "bons resultados", diz Joaquim Guerreiro. A escolha do centro histórico tem por objectivo humanizá-lo. "Como outros no país, está envelhecido e precisa ser revitalizado." Os palcos são montados em pequenas praças e largos (o festival pode acolher 2 a 3 mil pessoas), enquanto pela cidade "há artesanato, em bancadas próprias, animação de rua e gastronomia dos vários países representados."
Em termos de programação musical, escolheram-se três palcos: no principal, o da Cerca, desfilam nomes já firmados no universo world: a israelita Yasmin Levy, que associa a tradição judaica ao flamenco andaluz, abre hoje o festival, seguida pela fadista Cristina Branco; amanhã, seguem-se os Think of One, uma banda belga que mistura "jazz, funk folk, rock, dub e reggae" com influências marroquinas e brasileiras, e os escoceses Carpecaille, outros "violadores" de fronteiras musicais a partir da matriz celta; dia 30, mais duas vozes femininas: a celebrada cantora argelina Souad Massi e a espanhola Amparo Sánchez, à frente da banda Amparanoia, num cocktail hispano-balcânico.
Já em Julho, dia 1 actuam os Babylon Circus, que a partir de músicas de matriz francesa também "visitam" os sons da Europa de Leste, e os algarvios Marenostrum com a cantora cabo-verdiana Maria Alice como convidada especial (no tema Nha Rosa, em crioulo). A festa de encerramento, dia 2, fica a cargo da Orchestre National de Barbés, argelina, que cruza sons do Magrebe com géneros como o zouk, o reggae, o funk, o rock ou o jazz. Nos restantes palcos actuarão na maioria bandas portuguesas (ver Agenda), às quais se juntam os espanhóis Alzawijazz e António Molina-Choro e os irlandeses Klonakilty.
Haverá ainda exposições e uma conferência (dia 30, 18h, no Arquivo Municipal), onde Lídia Jorge convida a escritora espanhola Rosa Montero para debaterem, juntas, "a problemática da mulher".

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