DESPORTO

Ali Daei pode ser o capitão, o jogador mais experiente e o melhor marcador de sempre da selecção iraniana, mas é também um dos maiores alvos da imprensa do país pela derrota por 3-1 frente ao México. O avançado de 37 anos teve uma actuação discreta no jogo e foi muito criticado - "Por que razão Ali Daei ficou em campo 90 minutos?", questionava um jornal iraniano -, tal como o seleccionador Branko Ivankovic por o ter mantido em campo, mas rejeita que tenha tido uma exibição pouco esforçada e que, se não marcou golos, a culpa não foi só sua."Fiz o que o treinador me pediu, mas nós [ele e Vahid Hashemian, o outro avançado] não recebemos bolas em condições do meio-campo. Nestas circunstâncias, não conseguimos marcar golos", afirmou Daei ao site da Confederação Asiática de Futebol. O experiente avançado do Saba Battery de Teerão, que já marcou 109 golos em em 148 jogos pela selecção, sente-se injustiçado: "Sempre que perdemos, sou eu o culpado. E como é que podem dizer que não estive activo? Cada vez que o México tinha um canto ou um livre, eu ia ajudar a defesa."

A última chanceO Irão prossegue a sua caminhada nesta sua terceira participação em Mundiais com um confronto com a selecção portuguesa, no sábado. Para Ali Daei, só uma vitória interessa aos asiáticos para manter as esperanças de qualificação. "É a nossa última hipótese de nos mantermos vivos e avançar para os oitavos-de-final. Podemos vencer", frisou o avançado, que ainda não sabe se está em condições de alinhar, ele que sofreu uma pancada nas costas durante o jogo com o México: "Vamos esperar e ver no dia antes do jogo."
Se a recuperação de Daei é ainda uma incógnita, Branko Ivankovic já irá contar com Ali Karimi, Mehdi Mahdavikia e Ferydoon Zandi, que já estão integrados nos treinos em Friedrichshafen sem limitações. Ivankovic deverá mesmo proceder a algumas alterações e Daei, mesmo que esteja fisicamente apto, deverá ser um dos preteridos. Por definir está a ainda a utilização frente a Portugal do médio Madanchi, que ontem se lesionou no pé esquerdo.
Ivankovic foi muito criticado por manter Daei até ao fim no jogo com o México, numa altura em que o Irão já não mostrava capacidade de reacção. "Todos conseguem ver as nossas fraquezas menos Branko", escreveu um colunista do jornal Alborz. Várias notícias dão como quase certa a sua substituição após o torneio.

Ahmadinejad devia estar na Alemanha
Em entrevista ao Sports Bild, Ivankovic defende que o Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, tem o direito de assistir aos jogos da selecção no Mundial. "O nosso chefe de Estado é um grande adepto de futebol. Ele devia ter o direito de assistir aos jogos, tal como todos os outros chefes de Estado e de governo do mundo. É preciso separar o desporto da política", afirmou.
Ahmadinejad tem feito declarações polémicas sobre o Holocausto e afirmado que o Estado de Israel não devia existir. Várias personalidades na Alemanha insurgiram-se contra a presença do Presidente iraniano nos jogos, sendo que o próprio Ahmadinejad não excluiu a possibilidade de fazer a viagem, caso o Irão ultrapasse a fase de grupos. A assistir aos jogos Alemanha-Costa Rica e Irão-México, respectivamente, em Munique e Nuremberga, esteve o vice-presidente Mohammed Aliabadi, mas não foi recebido por nenhum representante do Governo alemão.

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