Beslan: sequestrador condenado por homicídio e acto terrorista

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O tchetcheno é o único sobrevivente do comando tchetcheno que sequestrou a escola na Ossétia do Norte Sergei Grits/AP

"O tribunal conclui que Nurpashi Kulayev participou no ataque armado, na tomada de reféns e que matou pessoas indefesas", declarou o juiz-presidente do Supremo Tribunal de Vladikavkaz, no início da leitura do veredicto.

Segundo o magistrado, Kulayev, um tchetcheno de 26 anos, "cometeu um acto de terrorismo com o objectivo de pressionar decisões das autoridades" e "pôs em risco a vida de agentes das forças de segurança".

A procuradoria russa pediu a pena de morte para o arguido, pelo seu envolvimento no sequestro de 1127 pessoas na escola nº 1 de Beslan, na república russa da Ossétia do Norte, em Setembro de 2004.

O ataque, lançado por um grupo separatista tchetcheno, saldou-se na morte de 331 reféns, na sua maioria crianças, após um assalto precipitado das forças de segurança, de contornos ainda não esclarecidos.

Mesmo que Kulayev sejar condenado à morte, a sua pena será comutada para prisão perpétua, devido à moratória em vigor na Rússia em relação à pena capital.

A leitura da sentença culmina um emotivo julgamento que se arrasta há quase um ano, mas dificilmente servirá para apaziguar a fúria dos familiares das vítimas. A população de Beslan responsabiliza as autoridades locais e federais pelo sucedido, quer por incapacidade para evitar o ataque, quer por terem precipitado o assalto à escola sem antes garantirem a segurança dos reféns.

"Foi o poder e a sua inacção que matou os nossos familiares", afirmou, no início da sessão, Rimma Tortchinova, que perdeu no sequestro a sua única filha, de 12 anos.