Ministro da Saúde admite encerrar bloco de partos de Lamego até 30 de Junho
Em declarações à SIC Notícias, o ministro da Saúde disse que o bloco de partos de Lamego "provavelmente vai ter de ser fechado antes de 30 de Junho", uma vez que "tem apenas um obstetra".
No domingo passado, dia em que um grupo de mulheres de Lamego assinalou o Dia da Mãe com uma marcha de protesto contra o encerramento da maternidade do hospital local, o presidente da autarquia afirmou à Lusa que se comentava "que a maternidade encerraria a 1 de Julho".
"Comenta-se que encerrará a 1 de Julho, mas oficialmente não temos indicação nenhuma", disse na altura Francisco Lopes, contando que "há médicos do hospital de Lamego que já estão a articular férias com os de Vila Real".
A autarquia defende que o novo hospital de Lamego (para o qual está a ser preparado um novo plano funcional) deve ter a valência de maternidade, "mas para isso é preciso que não acabe agora e façam um reforço de meios humanos e físicos".
O director do Hospital de Lamego, Marques Luís, disse domingo à Lusa que a "maternidade não vai fechar, apenas o bloco de partos", por falta de médicos. "Só tínhamos três obstetras, agora só temos dois porque um se reformou", afirmou, explicando que estes vão garantir os partos durante os meses de Maio e Junho, mas que essa situação é insustentável por mais tempo.
Um despacho de Correia de Campos, datado de Março, determina o encerramento de seis blocos de partos de várias maternidades até ao final do ano, com base em recomendações feitas pela Comissão Nacional de Saúde Materna e Neo-Natal após um estudo efectuado às condições de segurança dos nascimentos nas unidades públicas.
A decisão tem sido contestada pelas populações de localidades como Elvas, Santo Tirso e Barcelos. No domingo passado, cerca de dez mil pessoas concentraram-se em protesto à porta da residência oficial do primeiro-ministro. As câmaras de Barcelos e de Santo Tirso avançaram com pedidos em tribunal para suspender o processo de encerramento.
O mesmo caminho foi tomado pela entidade que gere a maternidade do Hospital de Elvas, a Fundação Mariana Martins, mas não existe até agora nenhuma decisão judicial.
Num despacho ainda não publicado, o ministro da Saúde conseguiu evitar a suspensão dos preparativos para o encerramento da maternidade de Barcelos até à decisão do tribunal de Braga, alegando "perigo" para a saúde de mães e recém-nascidos e "prejuízo para o interesse público".
Ontem, o ministro declarou também que vai contestar todas as providências cautelares apresentadas com o objectivo de suspender o encerramento das maternidades que o Governo determinou.