Nuno Melo e Telmo Correia querem um CDS-PP voltado para o país
"Este congresso terá necessariamente que ter algum efeito útil para o país, muito mais do que para o partido", defendeu Nuno Melo, em declarações aos jornalistas, à entrada para a Exposalão, onde decorre o conclave.
O líder parlamentar do CDS-PP disse esperar que este “congresso seja uma oportunidade e não um desperdício” e que “sirva para se falar do país e para dizer ao país como o CDS, no Parlamento e fora dele, pode ajudar a resolver muitos dos seus problemas".
Também o ex-líder parlamentar e deputado democrata-cristão Telmo Correia, que saiu derrotado do último congresso, que elegeu Ribeiro e Castro presidente, defendeu que o CDS-PP deve "falar para fora" mais do que para "questões internas". Telmo Correia disse que o partido deve conseguir "falar ao país e fazer oposição ao Governo", aproveitando para comentar a entrevista do ex-líder do CDS-PP e ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), Freitas do Amaral, ao semanário “Expresso”.
Na entrevista, que tem como título "Freitas cansado do MNE", o ministro afirma que vai pôr fim à sua carreira política quando terminar as suas funções no Governo e descreve os dias de trabalho e as viagens que realiza enquanto chefe da diplomacia portuguesa, assumindo que estas obrigações são "cansativas".
"O MNE não vai continuar. Ficou demonstrado que tínhamos razão", continuou Telmo Correia, aludindo às críticas sistemáticas da bancada parlamentar do CDS-PP à actuação de Freitas do Amaral à frente do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Nem Telmo Correia nem Nuno Melo quiseram antecipar a sua posição em relação às moções em discussão no XXI Congresso do CDS-PP, respondendo ambos "vamos ver" e tendo o líder parlamentar referido que ainda não leu os vários documentos.
Já a presidente do Conselho Nacional do CDS-PP, Maria José Nogueira Pinto, defendeu hoje que o congresso deve servir para discutir "a sobrevivência do partido" e debater a sua "janela de oportunidade" até ao próximo ciclo eleitoral.
"Temos de ser mais ambiciosos do que debater a questão da clarificação", afirmou Nogueira Pinto, à entrada para a reunião magna do partido.
O pedido de clarificação tem sido uma exigência do líder José Ribeiro e Castro, mas a vereadora da Câmara de Lisboa defende que a discussão não se deverá ficar por aqui. "Seria extraordinário que o partido não analisasse a sua janela de oportunidade para os próximos anos", afirmou.
Maria José Nogueira Pinto defendeu que o partido "não deve viver de acontecimentos fugazes" e que seja capaz de marcar a sua "diferença útil" em relação ao PSD. "Isto não é uma questão entre o dr. Ribeiro e Castro e outras pessoas é uma questão de sobrevivência do partido. Isto não é um clube recreativo", acentuou.
Questionada sobre um cenário de vitória da moção do líder da Juventude Popular, João Almeida, Maria José Nogueira Pinto foi clara. "Se a moção de João Almeida for a mais votada, nessa altura deverá clarificar, assumindo uma candidatura ou escolhendo alguém para representar essa moção", defendeu, considerando "positiva" a apresentação desta moção.
Nogueira Pinto garantiu que está disposta colaborar com qualquer que seja o futuro líder do CDS - e a colocar o seu lugar de autarca à disposição, caso Ribeiro e Castro não vença o Congresso -, lembrando que foi sempre essa a sua atitude no passado.