Quercus aponta os cinco "pecados ambientais" portugueses

Emissões de gases, desperdício de água, construção desenfreada, desertificação e erosão costeira são problemas destacados no Dia da Terra

Portugal continua a ter um mau desempenho e insiste no agravamento de cinco "pecados ambientais", acusou ontem a associação ambientalista Quercus, no âmbito do Dia da Terra.Em comunicado, aquela organização denunciou a manutenção, no país, de elevadas emissões de gases produtores do efeito de estufa, contribuindo para o aquecimento global e para alterações climáticas, "provavelmente o maior problema do século XXI".
O segundo "pecado" apontado é o da erosão costeira, que atingiu nalguns locais nove metros por ano, um problema que afecta 28,5 por cento da extensão da costa nacional, principalmente no Norte e Centro.
A associação aproveita o facto de 2006 ser o Ano Internacional dos Desertos e Desertificação para salientar que "numa parte significativa de Portugal continental a erosão, a ocorrência de incêndios florestais e a desertificação humana dão mostras de uma desertificação que avança inexoravelmente" - o terceiro "pecado".
A Quercus denuncia ainda a perda gradual da biodiversidade, recordando que entre 1985 e 2000 a vegetação natural em Portugal foi reduzida em 101 mil hectares, equivalentes a cerca de nove por cento.
O quarto "pecado ambiental" é o excesso de construção, "principalmente na faixa litoral entre Braga e Setúbal, com alguns concelhos a verem crescer o seu parque habitacional em mais de 60 por cento".
Por fim, a Associação lamenta o "enorme desperdício de água" no país. "De toda a água captada para uso urbano apenas 58 por cento é utilizada para os fins a que se destina", lembra.
Os cinco "pecados" correspondem a outros tantos desafios apresentados ao país pela Quercus. O primeiro passa por uma utilização mais rigorosa da chamada "pegada ecológica", um cálculo da área necessária, em termos de recursos e de absorção de resíduos, para a vida de cada pessoa. "Em Portugal, a pegada ecológica é de 5,2 hectares por pessoa/ano e tem vindo a aumentar, quando a capacidade global disponível é de apenas 1,8, o que significa que se todos no mundo vivessem como os portugueses precisaríamos de cerca de três planetas para assegurar a procura de recursos naturais".

Ecotur percorre o paísPara sensibilizar a população para a poupança de energia e mobilidade sustentável, a Quercus iniciou ontem um circuito ecológico num veículo híbrido. Denominada Ecotour, a iniciativa vai prolongar-se até ao Dia Mundial do Ambiente (5 de Junho), passando pelas 18 capitais de distrito portuguesas. Lusa

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