Livraria Ler Devagar tem nova morada

Desalojada em Setembro, a Ler Devagar tem uma nova morada, na galeria Zé dos Bois, em Lisboa. Um versão em miniatura adaptada ao novo espaço, mas com o espírito de sempre

À direita, quando se entra, alguns livros dispostos no tampo de uma estante convidam o leitor: Buster Keaton a preto e branco na capa colorida de Les Nouvelles Images, de Pierre Barboza, ou o olhar magnético de Frida Kahlo num dos seus auto-retratos, em Mexican Art Masterpieces, de Marcus Burke. Fotografia, Pintura e Belas-Artes - lê-se numa inscrição sob a prateleira - são as primeiras propostas. Uma parte do universo de temas que propõe a Ler Devagar, sediada num novo espaço, na Galeria Zé dos Bois (ZDB), no Bairro Alto, em Lisboa. "Tentamos recriar aqui, em miniatura, uma Ler Devagar fiel à original", diz o responsável da livraria, José Pinho.Desalojada da sua casa de seis anos, na Rua de São Boaventura (para transformar em condomínio o imóvel onde estava instalada), a Ler Devagar estava desde Outubro com os livros e os móveis espalhados por vários armazéns de Lisboa. Até chegar este convite.
"A ZDB contactou-nos a demonstrar interesse em acolher a Ler Devagar no piso térreo", lembra José Pinho. Uma mudança que culminou a 23 de Fevereiro e acarretou algumas adaptações: "Tivemos de nos adaptar não só ao espaço, bastante mais pequeno, mas também à própria filosofia da ZDB, uma galeria direccionada para as artes performativas", diz. Nesse sentido, a livraria já encomendou vários livros de arquitectura, design, música, teatro, dança, performance e pensamento contemporâneo. À semelhança do que sucede na Cinemateca, onde a Ler Devagar também detém um espaço, com maior oferta de títulos sobre cinema.
Com um espaço bastante mais reduzido que o original (que incluía uma biblioteca, um auditório e uma cafetaria, para além da livraria), esta nova Ler Devagar na ZDB é uma espécie de "versão em miniatura da original". "Temos também uma cafetaria e estamos a retomar as actividades que são iniciativa da livraria", diz o responsável.
A programação segue já, todas as quintas-feiras (22h00), com o ciclo A Primeira Verdade.
Aposta nos livros
importados
Nesta versão concentrada da Ler Devagar, não falta um piano e duas bancas de CD de jazz, música clássica, brasileira e africana para venda.
Para além das vinhetas informativas nas prateleiras, pequenos post-it com setas ajudam a dividir as áreas temáticas: da pintura e fotografia da primeira estante à arquitectura, urbanismo, design, teatro, música, edições mortas ou avulso.
Centrada em títulos sobre arte e pensamento contemporâneo, e interessada em colmatar uma carência do mercado português para se distinguir da oferta das outras livrarias, a Ler Devagar recorre sobretudo à importação. "Nesta área das artes performativas, da fotografia, da pintura, há poucos livros portugueses, por isso temos essencialmente ingleses, americanos e franceses", diz José Pinho. Entretanto, a livraria está a discutir com a Câmara Municipal de Lisboa um espaço na Rua da Rosa (também no Bairro Alto), onde pensa abrir uma nova loja, dedicada à poesia, literatura e livros infantis.
Em aberto continua também a hipótese de explorar o imóvel que a autarquia disponibilizou quando a livraria foi encerrada, e que requer obras cujo orçamento os responsáveis da Ler Devagar dizem não conseguir suportar.
Em relação a esta nova Ler Devagar na ZDB, na Rua da Barroca, José Pinho garante: "Mesmo que venhamos a ter os novo espaços preparados, se a ZDB se mantiver interessada e houver um acordo mútuo, a ideia é vir para ficar".

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