Pedro Arroja lança produto financeiro similar a aposta

O Nasdaq vai subir ou vai descer? O investidor é que decide em que sentido vai apostar. Depois é só esperar pelo fecho da bolsa de Nova Iorque para saber se duplicou o investimento ou perdeu tudo

A Pedro Arroja - Gestão de Património, com sede no Porto, acaba de lançar um produto financeiro indicado para quem gosta de investimentos de alto risco, mas que poderá ser impróprio para cardíacos. O "satellite" é um produto muito semelhante a uma aposta, uma vez que o investidor tem de decidir se acredita, a cada dia, que o Nasdaq 100 (índice de empresas tecnológicas da bolsa de Nova Iorque) vai fechar em alta ou em baixa, e com base nesse "palpite" pode duplicar o investimento ou perder tudo.
Ricardo Arroja, responsável pelas decisões de investimento da sociedade, prefere classificar o produto como "inovador", quer pelo reduzido montante investido, quer pelo potencial de valorização.
Mas vamos a questões práticas: a decisão de apostar na subida ou descida do índice tem de ser tomada antes da abertura da bolsa electrónica de Nova Iorque, pelas 14 horas, e o saldo dos ganhos ou das perdas só pode ser feito após o encerramento, pelas 21 horas.
E como funciona a aposta? O investidor tem que dizer se o Nasdaq, nessa sessão, vai fechar a subir ou a descer. Se acertar, pode duplicar o montante investido se a variação for igual ou superior a 1 por cento. Se for inferior, o ganho é proporcional à variação registada (a subida ou descida de 0,34 por cento no índice corresponde a um prémio de 34 por cento sobre o total investido).
O mesmo esquema funciona para o caso do investidor não acertar: perde tudo se a variação for igual ou superior a 1 por cento. Perde parte se ela for inferior a este valor.
Ricardo Arroja explicou ao PÚBLICO que o produto foi pensado para pessoas interessadas em investimentos altamente especulativos e que gostam de aproveitar as fases de subida e de queda dos mercados.
Um pouco como acontece no investimento em contratos de futuros, que representam boa parte da gestão da sociedade Pedro Arroja, o "satellite" permite especular na valorização e na desvalorização do Nasdaq 100 - o índice que agrupa as cem maiores empresas cotadas na bolsa electrónica e que serve de base para os contratos de futuros sobre o mesmo índice.
O responsável explica, ainda, que ao contrário de outros produtos financeiros mais conservadores, que implicam montantes elevados e imobilizações prolongadas, a subscrição do "satellite" pode ser feita através de um investimento reduzido [mínimo de 250 euros] e diariamente.
Também a distingui-lo de outros produtos, a decisão é apenas do cliente, intervindo a sociedade como intermediário que recebe o "palpite" e que depois reporta os ganhos ou cativa os montantes perdidos.
A "cobertura" das perdas e ganhos é feita pela Sociedade Pedro Arroja, de forma independente e utilizando também o investimento em produtos derivados.

Mínimo de 250 eurosA decisão de investimento do cliente pode ser feita de forma meramente intuitiva, como se de uma simples aposta se tratasse. Ou de uma forma mais cuidadosa, isto é, baseando-a numa avaliação da tendência dos mercados, na evolução dos contratos de futuros durante a manhã e, ainda, em notícias, em especial as relativas a empresas que integram o índice Nasdaq 100.
Depois desta avaliação, o investidor decide se vai apostar na subida ou na descida, decisão que terá obrigatoriamente de ser comunicada por fax para a sociedade até às 13h45.
A ordem tem também de referir se o montante a investir é o mínimo - de 250 euros - ou se outro, sem limite definido, apenas dependente da capacidade de arriscar.
Ricardo Arroja disse ao PÚBLICO que os clientes são aconselhados a investir pequenos montantes, pelo risco que o produto incorpora. Para estar habilitado a entrar em acção, o que alguns investidores já estão a fazer, é necessária a assinatura de um contrato com a sociedade gestora, que define, por exemplo, as condições de transferência do capital a investir.
O responsável pelas decisões de investimento do grupo Pedro Arroja garante que a sociedade, que é supervisionada pelo Banco de Portugal, pode oferecer este tipo de produtos, que se inserem dentro da "liberdade de relação contratual com os clientes". O regime jurídico das sociedades de gestão de patrimónios contempla uma quantidade de produtos financeiros, onde se inserem muitos produtos derivados (contratos de futuros, opções ...).
No meio financeiro, o produto tem levantado algumas dúvidas, dada a semelhança com as apostas, que são geridas por sociedades específicas.
A Comissão de Mercado de Valores Imobiliários (CMVM) esclareceu que a legislação em vigor exige que a colocação deste tipo de produtos seja feita através de um contrato escrito, onde o risco das operações seja claramente identificado. Ricardo Arroja garante que esse procedimento está a ser cumprido.
A Pedro Arroja - Gestão de Patrimónios, fundada pelo economista Pedro Arroja, tem sede no Porto e escritórios em Lisboa e Madrid. A gestão da sociedade assenta quase exlusivamente nos mercados de futuros sobre acções e matérias-primas.

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