Veterano Lee Konitz toca com Orquestra de Jazz de Matosinhos

Um dos grandes
nomes do jazz no papel de solista e compositor. Hoje na Culturgest
e domingo na
Casa da Música

O veterano norte-americano Lee Konitz, uma das grandes referências do jazz e do saxofone, apresenta-se este fim-de-semana em Portugal em dois concertos com a Orquestra de Jazz de Matosinhos (OJM): hoje na Culturgest, em Lisboa, e domingo na Casa da Música, no Porto. A iniciativa vem na sequência de uma série de encomendas que a OJM fez a compositores nacionais, alargando agora o projecto a artistas estrangeiros. Fundada em 1997 e tendo tocado com vários solistas de prestígio mundial, a orquestra tem como directores artísticos Pedro Guedes e Carlos Azevedo, ambos pianistas e compositores. Mas agora, a OJM será regida por outro grande músico, Ohad Talmor, francês, de 36 anos, autor dos arranjos dos temas originais de Lee Konitz que serão interpretados.
Nos últimos anos, Talmor tem sido o director artístico de outros dois projectos de Konitz - o seu quarteto e o noneto. O reportório dos concertos deste fim-de-semana será posteriormente gravado em estúdio e editado, passando a fazer parte de uma trilogia de trabalhos que tem como fio condutor a ligação entre o saxofonista e o jovem arranjador.
Em conversa telefónica, Konitz justificou a escolha de Talmor para estes projectos mais recentes: "Conhecemo-nos em Genebra, e comunicámos logo muito bem. Ouvi a música dele e fiquei fascinado. Talmor tem uma sólida formação clássica, um conhecimento profundo da música, e eu não sou um orquestrador". Sobre a música que toca actualmente, o saxofonista salientou ser sua preocupação "eliminar o supérfluo". "Mas sinto-me mais vivo do que nunca. Continuo a adorar tocar num contexto convencional de solista e secção rítmica, mas também gosto de me inserir em contextos mais exóticos, como o actual."
Sobre o alinhamento dos concertos, Talmor precisou que serão 13 peças, em grupos de dois ou cinco temas. Relativamente à natureza do seu som, o músico francês disse tratar-se de "quadros sonoros, com um ambiente quase cinematográfico". "Eu gosto de contar histórias; conheço bem a forma como Lee toca, por isso tento criar algo com o qual ele se sinta à vontade para discursar, como grande solista que é", acrescentou.
A julgar pelo trabalho que Talmor desenvolveu como arranjador no disco L"Histore du Clochard (2004), em parceria com Steve Swallow, um trabalho de grande beleza e sofisticação formal baseado na música de Stravinsky, os próximos concertos deverão demonstrar o que de melhor há no jazz orquestral.

Revolução com Miles DavisLee Konitz começou a sua brilhante carreira nos finais da década de 1940, tendo em Lennie Tristano e Warne Marsh alguns dos seus parceiros mais destacados. Com Miles Davis, participou numa série de sessões, compiladas no álbum Birth of the Cool (1948-50), que então revolucionou os conceitos pré-estabelecidos de arranjo e harmonia. Nos anos 50, Konitz começou a destacar-se como líder dos seus próprios projectos, gravando mais de 100 discos. Em 1992 foi distinguido com o prémio Jazzpar - o equivalente ao Nobel no jazz.

Lee Konitz + Orquestra de Jazz de Matosinhos
LISBOA Grande Auditório da Culturgest. Tel.: 217905155. Hoje, às 21h30. Bilhetes a 15 euros
PORTO Casa da Música. Dom., às 22h. Bilhetes a 10 euros.

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