Mítico restaurante de Paris perde uma estrela Michelin

Na edição de 2006 da "bíblia dos gastrónomos",
La Tour d"Argent tem só uma estrela

La Tour d"Argent, um dos mais célebres restaurantes de França e do mundo, conhecido pelos seus pratos e pela vista sobre a catedral de Nôtre Dame de Paris, sofreu um revés com a perda da sua segunda estrela na edição 2006 do Guia Michelin para a França, verdadeira "bíblia dos gastrónomos".Em contrapartida, o guia atribuiu uma terceira estrela, a recompensa máxima, ao chef Olivier Roellinger, pelo seu restaurante Maisons de Bricourt, em Cancale, na região da Bretanha.
La Tour d"Argent, fundado em 1582, chegou a ter três estrelas, mas iniciou o seu "declínio" em 1996 com a perda de uma. A sua grande especialidade culinária é o pato caramelizado por fora e em sangue por dentro, receita criada em 1890 e cujos pratos são numerados como se de uma edição de coleccionador se tratasse. Em 2003, foi festejado o facto de o restaurante ter servido um milhão de pratos da especialidade.
Frequentado por celebridades, o restaurante serve todos os dias 120 jantares e o custo médio de uma refeição aproxima-se dos 300 euros, sem incluir vinho, que pode ultrapassar largamente esta soma. O restaurante dispõe de uma das maiores caves do mundo, com quase 300 mil garrafas, e o preço de algumas pode atingir os 12 mil euros.
Entre os clientes mais célebres, o restaurante gosta de recordar o imperador japonês Hirohito, que ali fez uma refeição (de pato, a 53.211) ou o ex-Beatle Paul McCartney (a 692.048).
Os responsáveis de La Tour d"Argent reagiram manifestando "surpresa", mas observando, em jeito de contra-ataque, que até desejavam que o restaurante nem aparecesse referenciado, por causa "das circunstâncias difíceis que o guia actualmente atravessa" - uma referência à polémica recente sobre os critérios de classificação dos seus críticos gastronómicos.
No Michelin 2006 há, como no ano passado, 26 restaurantes classificados em França com três estrelas. O guia dá duas estrelas a 70 restaurantes e seleccionou 425 como merecedores de uma estrela, contra 402 o ano passado.
O chef Alain Senderens, que abandonou a categoria dos "3 estrelas" quando colocou um ponto final no seu restaurante parisiense Lucas Carton, vê o novo estabelecimento que abriu em Setembro no mesmo local (com uma cozinha mais simples e preços mais acessíveis) cotado com duas estrelas. Jornalista da AFP

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