Cinemateca Portuguesa edita catálogo dedicado a João César Monteiro

Publicação reúne textos do realizador de Vai e Vem e críticas feitas à sua obra

Um conjunto de textos diversos do realizador João César Monteiro (1939-2003), incluindo entrevistas, cartas, poemas e críticas, foram reunidos num catálogo inédito agora editado pela Cinemateca Portuguesa/Museu do Cinema, que integra ainda textos de outros autores e figuras da cultura.O catálogo, com 639 páginas, tem organização literária de João Nicolau e reúne inúmeros artigos do realizador de Vai e Vem (2003) que foram publicados em vida, mas muitos deles com uma circulação reduzida.
Figura polémica e ímpar do cinema português, João César Monteiro morreu em 2003, aos 63 anos, deixando uma filmografia composta por mais de duas dezenas de longas-metragens. Estreou-se em 1968, com uma curta-metragem sobre a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, mas viria a destacar-se quando passou a encarnar a personagem de João de Deus, numa trilogia de filmes que começou com Recordações da Casa Amarela (1989) e se prolongou, depois, com A Comédia de Deus (1995) e As Bodas de Deus (1999).
O realizador conquistou dezenas de prémios em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente o Leão de Prata e o prémio do júri no Festival de Cinema de Veneza, respectivamente pelos filmes Recordações da Casa Amarela e A Comédia de Deus.
Além de realizador e actor, César Monteiro foi também argumentista, produtor e director de montagem de vários filmes. Fora do plateau, assinou também várias colaborações em jornais, como A República e Diário de Notícias, e em revistas como o Cinéfilo e Les Cahiers du Cinéma.
A obra agora lançada pela Cinemateca está dividida em sete partes. A primeira, intitulada César, a beleza do mundo e a beleza do cinema: Aproximações ou introduções, integra textos seus e também duas apresentações sobre a sua obra, por Sidóneo Paes e Manuel Gusmão. A segunda, Escritos guerreiros e amorosos, contém entrevistas, cartas, poemas e críticas, com uma introdução do editor Vítor Silva Tavares. A terceira parte é dedicada aos filmes do realizador, desde as suas primeiras obras, a importância dos contos populares e das tradições perdidas no seu cinema, até à Trilogia de Deus, ao polémico filme a negro Branca de Neve e à sua última longa-metragem, Vai e Vem. Neste capítulo são ainda publicadas reflexões sobre a obra do realizador, nomeadamente de Luís Miguel Oliveira, Fernando Cabral Martins e Jorge Silva Melo. A quarta parte é dedicada ao projecto de filme A Filosofia na Alcova. A quinta parte, O cinema sou eu, contém cartas e tomadas de posição públicas e políticas do cineasta sobre a situação do cinema em Portugal. Testemunhos, a sexta parte, reúne textos de Maria Andresen de Sousa, Sérgio Antunes, Rita Azevedo Gomes, Edoardo Bruno, Paulo Branco, Luís Miguel Cintra, Tonino de Bernardi, Adriano Apà e Mário Barroso.
O catálogo, que tem introdução do director da Cinemateca, João Bénard da Costa, encerra com a filmografia completa do realizador, uma tábua cronológica de textos por si publicados e uma bibliografia. Lusa e Público

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