Escritora Lygia Fagundes Telles recebe Prémio Camões 2005

Foto
Lula da Silva realçou a vertente humanista da escritora Paulo Novais/Lusa

A escritora brasileira Lygia Fagundes Telles recebeu hoje o Prémio Camões 2005, numa cerimónia no Museu de Serralves, Porto, que contou com a presença do Presidente Luís Inácio Lula da Silva e do Presidente português Jorge Sampaio.

Na cerimónia, Jorge Sampaio apelou a um esforço para que o Prémio Camões ganhe maior notoriedade internacional. "Não há nenhuma razão para que o Prémio Camões, pela sua importância cultural e linguística, pelo seu valor e pelos escritores que tem no seu quadro de honra, não alcance o relevo que merece, a começar nos países lusófonos".

"Temos de o saber usar melhor como instrumento de afirmação da nossa língua, das nossas culturas e das nossas literaturas. Foi essa a razão para que foi criado", acrescentou.

O Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, classificou a entrega do Prémio Camões como "o maior acontecimento literário do mundo lusófono" e também "sinal de vitalidade dos países" que falam Português.

Lygia Fagundes Telles "liga-se a outros seis brasileiros que receberam o prémio", criado em 1998, lembrou Lula da Silva.

Mas o chefe de Estado brasileiro não se limitou a elogiar os dotes literários da premiada, tendo realçado também a sua vertente "humanista", em particular a forma como, durante o "regime autoritário" que precedeu a democracia, a escritora "mostrou, pela perspectiva feminina, a realidade do Brasil de então".

Lygia Fagundes Telles, vinda do Brasil de propósito para a cerimónia, recordou os tempos de ida para o Brasil do seu antepassado Fagundes, natural de Viana do Castelo, e disse que "se tivesse uma bandeira ela seria vermelha e verde" "Vermelha de cólera pelas desigualdades sociais, verde de esperança", explicou.

E, repescando a frase de Eça de Queirós de que "o Português do Brasil é um Português com açúcar", a escritora afirmou que, "com todo o respeito, é um Português com sal".

O galardão tem um valor de cem mil euros, patrocinado em partes iguais pelos governos de Portugal e do Brasil.

Sugerir correcção
Comentar