7 Artistas ao 10.º Mês na Gulbenkian sob o signo das instalações

Mário Pires Cordeiro, Isabel Simões, Susana Anágua, Marta Sicurella, Rodrigo Oliveira, Mafalda Santos e Samuel Rama expõem até Janeiro

A explicação para o título da exposição é simples, e dada pela comissária Leonor Nazaré: são sete artistas (contemporâneos) ao décimo mês do ano, que é Outubro. Os artistas são Mário Pires Cordeiro, Isabel Simões, Susana Anágua, Marta Sicurella, Rodrigo Oliveira, Mafalda Santos e Samuel Rama. Quatro expõem instalações, os três restantes fotografias, pinturas e projecções - de hoje até 8 de Janeiro de 2006, na sede da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.Nesta iniciativa bienal (é a quinta edição, a primeira aconteceu em 1997), o processo de escolha da responsável partiu de contactos com "um ou dois professores nas principais escolas de artes que existem em Portugal", pedindo um parecer em relação a jovens artistas que eles conhecessem, que tivessem sido seus alunos.
Viu 50 portfólios, falou com 50 pessoas sobre o respectivo trabalho. "Tinha que escolher sete, mas de tudo o que eu vi podia fazer duas ou três edições, porque havia vários conjuntos possíveis e várias obras com uma vitalidade interessante", relembra Leonor Nazaré.
A escolha, veio a perceber, acabou por incidir especialmente em instalações site specific, definidas especialmente para o espaço da fundação. Desde logo, na primeira das sete salas rectangulares iguais, L1-R1 Corridor, em que Mário Pires Cordeiro recria, em madeira e esmalte, um corredor de uma nave espacial. Rodrigo Oliveira instala as suas Basculantes, duas portas que guardam uma garagem, e que se abrem e fecham conforme os sensores detectam os visitantes.
Mafalda Santos pintou toda a extensão do chão da sua sala com tinta acrílica branca, em rede, criando, num trabalho de grande paciência, milhões de quadrículas. Por fim, a última instalação, na sétima sala, é uma escultura em areia argilosa e água, de nome Fadiga de Estruturas, de Samuel Rama, de uma fragilidade que talvez não permita aguentar os três meses que dura a exposição.

Sete artistas emergentesLeonor Nazaré refere, no entanto, que "não houve nenhuma premeditação em relação ao facto de serem site specific, instalação, ou este ou aquele suporte". O que aconteceu é que a certa altura começou a reparar que havia "famílias, afinidades, consonâncias".
Estabeleceu-se então um diálogo entre "trabalhos com carácter de instalação no espaço forte", mesmo nos que não são site specific - ou seja, nas cinco pinturas de Isabel Simões ou nas seis fotografias Marta Sicurella - "há um lado espacial arquitectónico importante, na representação que essas imagens implicam".
Leonor Nazaré não partiu para a escolha com nenhum tema específico. A intenção do 7/10 é apenas "mostrar sete artistas emergentes no panorama artístico". Procurar sete pessoas que podem não ser jovens de idade mas que são "emergentes no panorama artístico nacional".
Inicialmente, uma das condições para poderem ser escolhidos era que não tivessem ainda sido objecto de nenhuma exposição individual, mas hoje em dia "essa já não é uma condição que faça muito sentido", diz a comissária, pois é mais fácil fazer individuais do que há oito anos atrás.
O que se mantém é a regra de serem artistas que não teriam condições de produção para fazer estas obras e expô-las numa instituição deste porte, e a quem são dadas agora essas condições. Artistas, diz, "que estão ainda a definir o seu território na arte contemporânea portuguesa".
Não há limites etários para participar, mas "é claro que acabam por ser sempre jovens". No entanto, uma pessoa que comece a trabalhar aos 40 e estiver há três anos a circular no meio preenche as condições necessárias. Nos sete escolhidos este ano, o mais velho é Mário Pires Cordeiro (Lisboa, 1975), a mais nova é Isabel Simões (Lisboa, 1981).
Também não é necessário ser português - e o exemplo é a italiana Marta Sicurella, que vive, trabalha e estuda em Portugal desde há cinco anos. É, diz a responsável da Gulbenkian, "para artistas que já trabalhem cá há tempo suficiente para terem uma espécie de fixação nacional".
Tal como acontece com as exposições deste género na Fundação Calouste Gulbenkian, uma ou duas obras poderão ser escolhidas para serem compradas para o acervo do Centro de Arte Moderna, sob indicação de Jorge Molder, director do CAM e responsável directo da colecção e das aquisições.

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