Há cada vez mais pessoas centenárias no mundo

Por agora ainda é relativamente raro, mas as Nações Unidas estimam que em 2050 haverá, em todo o planeta, 3,2 milhões
de habitantes com cem ou mais anos

É uma mulher franzina, de aparência frágil, que reza todos os dias para que Deus lhe dê saúde. "Deus está me ajudando a ser feliz aonde eu vou", declarou recentemente ao jornal brasileiro O Globo. Vive numa cabana de madeira, numa localidade rural chamada Astorga, no Brasil. Chama-se Maria Olívia da Silva. Em Fevereiro, anunciou a família, celebrou os 125 anos de idade. À partida, chegar até aqui colocaria esta mãe de 14 filhos no primeiro lugar da lista das pessoas mais velhas do mundo (ainda vivas) que periodicamente o Grupo de Investigação Gerontológica (GRG, na sigla em inglês) actualiza.
Esta organização sediada nos Estados Unidos tem um ranking dos "supercentenários" mais idosos do mundo e, segundo faz saber, uma rede de especialistas que um pouco por toda a parte verificam se os mais velhos o são de facto, percorrendo cartórios e analisado certdiões de nascimento, por exemplo. A última actualização foi feita a 29 de Setembro.
Contudo a GRG não obteve ainda informação suficiente para certificar a idade da brasileira. Prosseguem as investigações. Para já Maria Olívia está fora do palmarés dos "supercentenários", pelo que a pessoa viva registada com mais idade é uma americana.
O Guinness World Records confirma. Chama-se Elizabeth Lizzie Bolden, nasceu no dia 15 de Agosto de 1890, em Somerville, Tennessee, tem 115 anos e apenas mais 29 dias do que a segunda mulher mais velha - também ela negra e nascida nos Estados Unidos.
Dos 68 centenários mais idosos - e ainda vivos - que fazem parte da lista do GRG, 60 são mulheres. E duas são portuguesas.
Maria de Jesus (ver texto ao lado) passou a ser a 18ª mais idosa, de acordo com a organização, que lembra que nem todos os "supercentenários" que existem no mundo fazem parte do seu ranking - a lista contém apenas os casos que foram validados e que representarão, estima, 10 por cento das pessoas que vivem com 110 ou mais anos.
Clara dos Santos, 111 anos, outra portuguesa a fazer parte da lista, aparece em 31º lugar. Segundo o Censos de 2001, havia, nesse ano, 589 portugueses com cem ou mais anos de vida (dos quais apenas 95 homens).

Japoneses recebem carta e taça de prata
O número dos que conseguem atingir este patamar de longevidade permanece reduzido. As Nações Unidas estimam que existiriam, no ano de 2000, cerca de 180 mil centenários vivos em todo o mundo, 78 por cento dos quais residentes em países desenvolvidos. Mas em 2050, refere o mesmo organismo, já poderão ser 3,2 milhões.
Os "muito idosos" (definidos como os que têm 80 ou mais anos) são mesmo, no mundo desenvolvido, o grupo etário que está a crescer mais rapidamente, dizem as mais diversas fontes.
Continuará de resto a ser nas regiões mais desenvolvidas que se concentrará o grosso dos centenários. E de acordo com as Nações Unidas o Japão, em particular, experimentará "um aumento extraordinário" da sua população centenária. Em 2050 será o país com mais pessoas com cem ou mais anos (que representarão qualquer coisa como um por cento da população).
Só nos últimos dois anos o Japão duplicou o número de centenários: 25.606 cidadãos já passaram a barreira do século de vida - 85 por cento são mulheres, informou recentemente o ministro da Saúde, Trabalho e Bem-estar.
Desde 1965 que o Governo actualiza anualmente o número de japoneses centenários. A cada 19 de Setembro assinala o dia do respeito para com os mais velhos e entrega a cada centenário uma carta do primeiro-ministro e uma taça de prata.
Aliás, o homem mais velho que existiu no mundo e sobre o qual há documentação foi precisamente um japonês: Shigechiyo Izumi, que morreu em 1986, aos 120 anos e 237 dias, vítima de uma pneumonia. Este campeão da longevidade foi registado nos primeiros Censos do Japão, feitos em 1871, como tendo então seis anos de idade. A mulher que mais viveu foi a francesa Jeanne Louise Calment. Morreu em 1997 com 122 anos e 164 dias.

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