Advogado de Carlos Silvino apela aos elvenses que testemunhem em tribunal

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Carlos Silvino (de azul) e vários elementos do tribunal visitaram hoje um prédio na Avenida das Forças Armadas, em Lisboa Manuel de Almeida/Lusa

O apelo de José Maria Martins foi feito no final de uma visita de Carlos Silvino (conhecido como "Bibi") e do tribunal (colectivo de juízes, Ministério Público e advogados) a um prédio na Avenida das Forças Armadas, em Lisboa, onde o antigo motorista casapiano garante ter levado crianças da Casa Pia para encontros sexuais com adultos, a troco de dinheiro.

A acusação e o despacho de pronúncia do processo da Casa Pia referem a casa de Elvas, cuja proprietária é Gertrudes Nunes, também arguida no caso, como palco de situações de abusos sexuais de rapazes da instituição por parte dos igualmente arguidos Carlos Cruz, Manuel Abrantes, João Ferreira Diniz e Jorge Ritto, que, contudo, desmentem tal situação.

"Há pessoas com certeza que sabem dos factos de Elvas, que tenham coragem, que venham colaborar com a justiça. Aqueles alentejanos, homens e mulheres de honra e vergonha, que têm conhecimento dos factos que se passaram em Elvas deviam ter a coragem de nos contactar para poderem testemunhar no processo, com força, porque a verdade tem de estar acima de tudo", afirmou o advogado de Carlos Silvino.

"Há pessoas em Elvas que sabem o que se passou lá

José Maria Martins disse aos jornalistas ter "conhecimento de que há pessoas em Elvas que sabem o que se passou lá", mas que "terão receio de falar".

No final da visita ao imóvel da Avenida das Forças Armadas, José Maria Martins considerou que Carlos Silvino foi "seguro" ao descrever "em pormenor" os passos que deu das vezes que ali foi levar rapazes.

"Penso que se esclareceu o tribunal e os advogados sobre como as coisas se passaram. E fê-lo de uma forma muito segura, o que indicia claramente que falou verdade quando disse que cá tinha vindo antes", vincou o mesmo advogado.

Em tribunal, Carlos Silvino garantiu que foi várias vezes levar jovens ao prédio da Avenida das Forças Armadas, para encontros num apartamento no segundo andar, e que em algumas situações entrou por uma porta das traseiras que dava acesso à escada do edifício.

No entanto, a entrada pela porta das traseiras do edifício para acesso às escadas só é possível através de uma empresa que ali funciona.

"Foram feitas algumas alterações por quem quer manipular os dados"

José Maria Martins considera, porém, que "há clara ligação" entre a entrada das traseiras e as escadas do prédio e afirmou que "foram feitas algumas alterações por quem quer manipular os dados".

"Foram feitas obras, mudadas portas para cores diferentes, por várias vezes. Uma vez que cá vim com a Polícia Judiciária e o meu cliente estavam de uma maneira (já diferentes do que costumavam estar), hoje já estão diferentes, portanto há uma clara tentativa de manipular os dados", argumentou o causídico.

De opinião diferente é António Serra Lopes, um dos advogados do ex-apresentador de televisão Carlos Cruz, para quem a diligência hoje efectuada não foi esclarecedora quanto a um possível acesso às escadas pela porta das traseiras, sem passar pela empresa que ali funciona.

"Não acho que a diligência tenha sido esclarecedora"

"Não acho que a diligência tenha sido esclarecedora. A doutora juíza quis cá vir outra vez e reconstituir os passos que Carlos Silvino disse que tinha dado, foi o que se fez", sublinhou Serra Lopes.

"A primeira vez que cá vim, já no decurso do processo, havia realmente uma porta nas traseiras que ligava ao lado principal, mas estava fechada à chave porque isto era de uma empresa de estafetas", afirmou Serra Lopes, que admite a ligação pela porta das traseiras à escada, mas apenas atravessando a empresa.

De acordo com o advogado de Carlos Cruz, Carlos Silvino reafirmou durante a visita de hoje que de uma das vezes que foi levar rapazes à casa da Avenida das Forças Armadas entrou pela porta das traseiras, de onde teve acesso às escadas.

O colectivo de juízes do processo Casa Pia já tinha feito uma visita ao prédio da Avenida das Forças Armadas em Julho último, tendo confirmado que o edifício tem uma ligação pelas traseiras à escada, mas através de uma empresa.

Grande aparato de segurança na Avenida das Forças Armadas

A visita de hoje à casa da Avenida das Forças Armadas, que durou 35 minutos, foi rodeada de um forte aparato de segurança, com um perímetro vedado em torno do quarteirão do prédio, policiado por duas equipas da Secção de Intervenção Rápida da PSP, com 16 elementos, além dos oficiais de comando.

Carlos Silvino, que trazia um colete à prova de bala por baixo de uma "t-shirt" azul escura, chegou de carrinha de vidros fumados, escoltada por outras duas, e também com um forte aparato do Grupo de Intervenção dos Serviços Prisionais, vestidos de negro, com coletes à prova de bala e empunhando espingardas automáticas (metralhadoras).

Durante a visita ao prédio foi ainda escoltado por seis polícias à civil, alegadamente do Corpo de Segurança Pessoal da PSP. Os jornalistas e os curiosos foram impedidos de entrar no perímetro de segurança em torno do bloco de prédios.

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