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GERHARD SCHROEDER À procura do um lugar na história

Toda a biografia de Gerhard Schroeder é uma ode à coragem e ambição. É a história de um menino pobre, nascido em Mossenberg, na Baixa Saxónia, em 1944que não conheceu o pai, caído em combate na Segunda Guerra , que vestia a roupa oferecida e com quem os outros miúdos não queriam brincar. Com catorze anos Gerhard Schroeder deixou a escola e tornou-se vendedor. A questão dos estudos não se coloca: não há como pagar os livros e o transporte até à escola. Aos 18 anos, torna-se militante do SPD, ao mesmo tempo que estuda à noite para concluir o Abitur (diploma alemão necessário para aceder à universidade). Com 32 anos tornar-se-ia advogado e aproveita a oportunidade de ascensão social que a politica lhe oferece. Foi presidente da Juventude Social-democrata, deputado, ministro-presidente da Baixa-Saxónia e finalmente, o último degrau na escalada, chanceler, derrotando nas urnas Helmut Kohl.
Chegou ao poder com a ambição de "não fazer tudo diferente, mas fazer muita coisa melhor". Prometeu reduzir o desemprego e falhou. No seu consulado o desemprego atingiu o nível mais elevado do pós-guerra. Prometeu consolidar o Orçamento até 2006. Falhou. Concretizou algumas reformas significativas como a da Lei da Nacionalidade, introduziu uma componente de capitalização no sistema de pensões, incentivou a criação de escolas abertas durante todo o dia. "Normalizou" a Alemanha e tornou a política externa mais assertiva. Depois das dificuldades iniciais reanimou o eixo franco-alemão, jogou no tabuleiro russo e chinês em nome da diplomacia económica. Pagou indemnizações aos trabalhadores forçados do nacional-socialismo.
Em 2003 lançou a Agenda 2010, o programa de reformas sócio-económicas mais ambicioso da história da Alemanha do pós-guerra, com o objectivo declarado de enfrentar o desafio da globalização e o progressivo envelhecimento da população alemã. Um passo importante, mas insuficiente e mal explicado aos cidadãos. Sem conseguir travar a contestação crescente no SPD e após 11 derrotas sucessivas nas eleições regionais, optou por uma fuga para frente forçando a realização de eleições antecipadas. Paradoxalmente será a Agenda 2010, a sua decisão mais corajosa, a que lhe garantirá um lugar na história e lhe deverá custar o lugar de chanceler. H.F.G., Berlim

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