Ganhou o Rangers, perdeu-se o FC Porto

FC Porto conseguiu empatar duas vezes por Pepe, mas Kyrgiakos, o outro central goleador, resolveu o primeiro jogo a favor do Glasgow Rangers (3-2). Pedro Emanuel (nariz partido) e Sokota (joelho direito) saíram lesionados

O FC Porto entrou na 14.ª edição da Liga dos Campeões aos tropeções. Esteve a perder e empatou, voltou a sofrer um golo e, quando parecia ter voltado a recompor-se, sofreu o terceiro (3-2), que pode vir a ser definitivo nas contas finais do Grupo H. Co Adriaanse baralhou a equipa e saiu do estádio Ibrox, em Glasgow, com a primeira derrota oficial da temporada. A saída airosa dos portistas esteve por um triz, mas este jogo ficará na "Hall of fame" do Rangers.As duas equipas não chegaram a um consenso quanto aos tons de azul dos seus equipamentos e, prevenidos, os portistas apresentaram o misterioso terceiro equipamento (camisola amarela, calções e meias pretas). Mas essa acabou por ser a alteração menos surpreendente nos dragões, que, para o bem ou para o mal, contava por vitórias os (três) jogos oficiais desta temporada. Sai Lisandro, entra Alan - um risco que Co Adriaanse resolveu correr para ver se resolvia o jogo na primeira parte, isto apesar de ser sempre arriscado lançar um velocista numa maratona... -, sai Sonkaya, que tinha os jogos todos, entra Pepe, que não tinha nenhum. E, quarenta e cinco minutos depois do apito inicial, impunha-se uma pergunta: como teria sido a primeira parte com as coisas na sua ordem natural?
Alex McLeish, o técnico escocês, também não esteve quieto nos últimos dias. Estudou a lição e fez três trocas na equipa que tanto irritou os escoceses no fim-de-semana. Fanfan deu o lugar a Bernard, mas os destaques no Rangers vão direitinhos para as entradas de Lovenkrands e de Francis Jeffers (rendeu Nacho Novo, o espanhol que, diz quem sabe, é bom para o campeonato, mas insuficiente para a Champions), inglês que se colou ao temível Prso no ataque. Ganhou o Rangers, perdeu-se o FC Porto, que, mal subiu ao relvado, percebeu que teria no público mais um adversário (os escoceses abafaram o hino oficial da prova, o apito do árbitro e todos os sons nos arredores de Ibrox). Na esquerda, lá estava Alan: bem, à frente de Pepe. E também Pepe lá estava: mal, atrás de Alan. O dinamarquês Lovenkrands cedo percebeu que lhe tinha saído a sorte grande. Aos 14", já tinha passado pelo defesa-manteiga e servido Jeffers com perigo. Alan, entretanto, procurava furar para aplicar alguns golpes, mas o combate ainda estava nos primeiros "rounds" e o adversário estava firme e hirto.
Era a vez do anfitrião. Prso tentou primeiro (espirrou-lhe o taco, numa altura em que Baía saíra para cortar caminho a Jeffers, expondo-se perigosamente a um chapéu), concretizou pouco depois Lovenkrands: bola lançada da direita para a esquerda, o croata entretém Ricardo Costa e o dinamarquês foge a Pedro Emanuel para marcar de pé esquerdo e retirar um peso dos ombros dos impacientes adeptos. Por essa altura, já a cabeça de Prso ganhava a toda a gente. Ganhou até a saída prematura de Pedro Emanuel (os jogadores chocaram, o central saiu com o nariz partido e a sangrar e Sonkaya regressou). Sokota não ganhou (nunca) a ninguém - e também iria sair lesionado (joelho direito), deixando a sua equipa em desvantagem numérica durante 15 minutos.
Na segunda parte, um outro nome surgiu na posição McCarthy (será que não há uma posição McCarthy?): Pepe. O defesa-manteiga transformou-se num avançado de respeito. Num canto de César Peixoto, o brasileiro saltou mais alto e, decidido, desviou para o 1-1. Num outro canto de César Peixoto, viu-se no caminho da bola e tocou de peito para o fundo da baliza. O problema é que os Rangers já tinham marcado o segundo: Jan Wegereef, o tal árbitro cuja máxima é "good eyes, bad ears", não viu que o braço de Prso estava enlaçado no de Baía e validou, mal, o golo do croata. Mas Baía também colaborou - tentou agarrar a bola quando era mais razoável socá-la.
O momento do jogo chegou a cinco minutos do fim, quando Pepe já era legal (já era visto mais como um herói do que propriamente como um vilão). Outro central quis mostrar serviço: Kyrgiakos viu uma bola chegar lá do alto e cabeceou para o golo da vitória de uma equipa lutadora, mas sem classe. Pepe (o lateral ineficaz/avançado produtivo/central permeável) não a viu, Baía não chegou lá.

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