Federer vence Agassi em final memorável

Pelo segundo ano consecutivo, o suíço obteve a "dobradinha" Wimbledon-Open de ténis dos EUA

Andre Agassi resumiu em poucas palavras o que acabara de sentir durante a final do Open dos EUA: "Ele é o melhor que eu alguma vez defrontei." O norte-americano referia-se obviamente a Roger Federer, o número um do ranking, que continua a afirmar-se como um dos melhores tenistas de sempre. Em Flushing Meadows, conquistou o sexto título do Grand Slam - igualando Stefan Edberg e Boris Becker, seus ídolos - e tornou-se o primeiro jogador a triunfar em Wimbledon e Open dos EUA em dois anos consecutivos, desde Bill Tilden, autor da proeza em 1937 e 1938."É o mais especial para mim porque defrontei Andre na final do Open dos EUA. É uma das poucas lendas vivas do ténis que ainda temos", elogiou Federer, perante os 25 mil espectadores, na sua esmagadora maioria compatriotas de Agassi, mas rendidos ao talento do suíço. Durante três horas, Agassi bem tentou agradar ao corresponder ao apoio inexcedível do público que encheu o Arthur Ashe Stadium, mas o ténis de excepção de Federer veio ao de cima no final do terceiro set, tornando natural o triunfo do suíço pelos parciais de 6-3, 2-6, 7-6 (7/1) e 6-1.
"Infelizmente, aconteceu outra vez, joguei o meu melhor ténis na final, como é habitual", admitiu Federer. Sem falsas modéstias, apenas constatando um facto: o suíço não perde há 23 finais consecutivas! "Surpreendo-me a mim mesmo como consigo somar um torneio após outro. Questiono-me como é que sempre jogo bem, em especial, nas grandes ocasiões", confessou o campeão que estendeu para 35 o número de vitórias consecutivas em piso duro, ultrapassando o recorde que pertencia a Pete Sampras desde que o ténis foi igualmente aberto aos profissionais - a Era Open começou em 1968.
Federer foi o primeiro a alcançar um bom nível de jogo, embora só no oitavo set-point tenha garantido a partida inaugural. Agassi reagiu aos incentivos da multidão e com um break (2-0) passou a comandar o segundo set que fechou facilmente. Federer voltou a elevar o nível embora mantivesse um anormal número de erros directos (33 nos três primeiros sets). Mesmo liderando por 4-2, o suíço não se sentia muito confortável e Agassi, com a experiência dos seus 35 anos, pressionou devolvendo a quebra de serviço e pulando para 6-5, após salvar quatro break-points. Mas as energias do norte-americano estavam a esgotar-se e Federer concentradíssimo (e 11 anos mais novo) realizou um tie-break notável para fechar o terceiro set.
Agassi tinha uma montanha pela frente para escalar e no topo estava o número um mundial, agora com a tranquilidade para soltar o seu ténis. Com 18 winners para apenas quatro erros directos, Federer terminou com as dúvidas sobre quem era o mais forte perante um impotente Agassi, incapaz de somar mais que 12 pontos em todo o set.
Consumado o triunfo, Federer socou o ar com a raqueta e virou-se para o seu pequeno clã, mas todo o estádio se levantou para ovacionar a brilhante exibição do suíço e o empenho de Agassi, o mais velho finalista do Open dos EUA desde 1974. Nas sua 20.ª participação no Open, Agassi teve a satisfação de roubar um set a Federer o que só tinha acontecido uma vez nas anteriores cinco finais do Grand Slam que o suíço disputou. "É necessário jogar o ténis mais maluco que alguma vez se jogou ou então ele precisa de estar a fazer qualquer coisa mal, porque temos que manter o mesmo alto nível durante muito tempo", explicou. Quanto a uma possível reforma, Agassi não pensa nisso, apesar da ocupada vida familiar e problemas nas costas. "A minha intenção é continuar a trabalhar e a fazer o que faço. A única coisa melhor que os últimos 20 anos será os últimos 21 anos", ironizou Agassi.

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