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Romance sobre D. Pedro e Inês de Castro é o novo projecto da RTP

Depois de outras séries de época, como João Semana, A Ferreirinha e Alves dos Reis, a RTP aposta agora em Inês, cuja acção se desenrola no século XIV e conta a história de amor entre a dama e o príncipe D. Pedro. Por Hugo Real

A série Inês começa as filmagens depois de amanhã e acompanhará cerca de oito anos de História de Portugal envoltos em lenda, desde a chegada de Inês de Castro até à sua morte, terminando na perseguição que D. Pedro moveu aos assassinos da amada e a póstuma coroação da fidalga por quem se enamorou.A história desenvolve-se a partir da chegada de D. Inês e D. Constança [mulher de D. Pedro] a Portugal, até à sua coroação depois de morta. Ainda que ficcional, a série Inês, escrita por Moita Flores, será acompanhada pelo enquadramento da época, como as pestes que assolaram o país e os confrontos com Castela.
O romance trágico de D. Pedro com D. Inês decorreu no século XIV e, apesar de ser dos episódios mais falados da história portuguesa, "existem poucos relatos fidedignos sobre o que se passou". "Temos, por exemplo, a descrição de Fernão Lopes, que contudo surge anos mais tarde", refere João Cayatte, realizador da série.
"Moita Flores fez a sua recolha, a sua investigação, e depois seguiu um caminho. Existem várias teorias, várias teses sobre o que se passou, sobre quem era Inês. Moita escolheu um dos caminhos possíveis e eu concordo com a escolha dele", referiu o realizador. O caminho escolhido foi o da paixão entre as personagens desta história, de forma ficcionada, já que "esta história tem muito de lenda, e como tal era necessário ficcionar".
Quanto ao elenco, João Cayatte revelou não ter tido dificuldades em escolher os protagonistas. A actriz Ana Moreira vai ser Inês de Castro. "Foi a minha primeira e única escolha", afirma. Para interpretar D. Pedro, o realizador optou por Pedro Laginha. "Há que perceber que existem bons e maus actores, e depois de perceber quem são e quem pode encaixar nas personagens a escolha até é fácil", diz.
Num elenco que inclui Nicolau Breyner, como D. Afonso, Ana Bustorff, como rainha D. Beatriz, e Leonar Seixas, na pele de D. Constança, as apresentadoras de televisão Isabel Figueira (Top+) e Sónia Araújo (Praça da Alegria) foram escolhidas para interpretarem as damas de companhia de D. Inês. "São as únicas que não possuem experiência de representação, além de que irão desempenhar pequenos papéis, quase lhe poderíamos chamar uma figuração especial, o que não quer dizer que irão ter um mau desempenho", diz o realizador, acrescentando que tal escolha não o "choca" e está "curioso para ver o resultado final".
Para Ana Moreira, que recentemente protagonizou Adriana, de Margarida Gil, esta é uma estreia em televisão. A actriz revela que foram várias as razões que a levaram a aceitar o papel. "Estava de partida para a Rússia quando me foi apresentado este projecto, e após conversar com o João acabei por ficar interessada", revela. Premiada internacionalmente pela sua prestação cinematográfica em Os Mutantes, explica que é a primeira vez que está a fazer televisão. "Sempre fugi disso, por escolha própria, só que este foi o primeiro projecto em que me apresentaram uma personagem de interesse e de qualidade, coisa que até agora poucas vezes me tinha sido apresentada."
Pedro Laginha, actor mais ligado aos palcos, e que pode ser visto na série da TVI Os Serranos, considera que encarnar D. Pedro é "acima de tudo um grande privilégio, é um desafio que faz todo o sentido. Este tipo de série e de personagem envolve muito mais uma construção de personagem, uma representação na verdadeira acepção da palavra."
Para João Cayatte, que já realizou outras séries, como João Semana, este guião é superior e possui forte densidade dramática. Inês, revela, exigiu um grande nível da pesquisa e de investigação histórica. "Apesar de nos podermos soltar e seguir por outros caminhos, é muito importante ter a base toda", explica. Filmes de época e leituras foram também referências para a construção da série e das personagens.
Face a outras séries, as principais diferenças com Inês surgiram, em primeiro lugar, na escolha dos locais para as filmagens. "Não foi fácil encontrar o castelo certo, os interiores certos. Não foi fácil, mas deu-me muito prazer conseguir lá chegar", diz o realizador. As filmagens começam depois de amanhã, as imagens chegam ao ecrã lá mais para diante.

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