Alfama fechou-se ao trânsito há dois anos

Os becos, as ruas estreitas, as casas de fado vadio - eis o postal ilustrado de Alfama, um dos mais pitorescos bairros de Lisboa. E, até há dois anos atrás, também com um elemento dissonante que os postais para turista ver não mostravam: veículos em cima dos passeios, a impossibilitarem a passagem dos peões e, muitas das vezes, de outros veículos, nomeadamente os de emergência. A câmara e a Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL) "domaram", há precisamente dois anos, o tráfego automóvel em Alfama, altura em que o bairro foi condicionado ao trânsito."O balanço é muito positivo", revela António Monteiro, vereador do Trânsito e Espaço Público. Alfama foi a segunda zona, depois do Bairro Alto, a ter o tráfego automóvel limitado a residentes. Seguiu-se a Bica e Santa Catarina, em Maio de 2004. E as restrições ao tráfego no Castelo também já foram aprovadas, recentemente, em reunião de câmara.
A nova área a limitar compreende o perímetro entre a Rua Costa do Castelo, Rua Milagre de Santo António, Rua da Saudade, Largo de São Martinho, Rua do Limoeiro, Largo das Portas do Sol e Rua de São Tomé. Só falta agora definir os prazos para a concretização desta medida, que, em todo o caso, deverão coincidir com a inauguração do silo automóvel para residentes das Portas do Sol, que servirá tanto a população de Alfama como a do Castelo.
Em Alfama, dois anos depois da limitação, nem todos os residentes têm estacionamento dentro da zona condicionada. Nem terão: "As pessoas têm que se habituar a estacionar no sítio certo", diz António Monteiro. O vereador considera, porém, que a oferta de estacionamento na zona do Jardim do Tabaco e na zona da Administração do Porto de Lisboa supre as necessidades dos moradores deste bairro lisboeta.
Para Monteiro, esta é uma questão de mudança de mentalidades e de interiorização da disciplina na utilização do veículo automóvel. Ao todo, diariamente, na zona condicionada de Alfama, há 1.100 entradas e saídas de veículos automóveis. Muitas das quais, salienta o vereador, poderiam eventualmente ser substituídas pelo serviço gratuito fornecido pela câmara, o "Lx Porta-a-Porta".
António Monteiro diz que este é um modelo para ficar e lamenta que alguns residentes, mais críticos, tenham "memória curta". "A situação vivida em Alfama, de há dois anos para cá, é como da noite para o dia. Muita gente não se lembra já como era, mas eu tenho comigo muitas fotografias do antes e do
depois.". Diana Ralha

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