História do Exército de Libertação do Povo do Sudão (SPLA)
A guerrilha armada que defende a autodeterminação do Sul do país surgiu quando, em 1983, o ex-Presidente sudanês Gaafar Nimeiry instaurou a "sharia" (lei islâmica), aumentando as hostilidades entre o Norte e o Sul. As duas regiões não se distinguem apenas pela religião — o Norte é árabe e muçulmano e o Sul tem maioria cristã e animista —, mas também pela cultura e língua. Antes de o SPLA ter surgido como guerrilha, a guerra civil entre as duas regiões do país já era visível, remontando à década de 50. A 18 de Agosto de 1955, uma unidade militar composta por sulistas esteve na origem de motins em Torit. A maioria dos amotinados preferiu fugir a entregar-se às autoridades governamentais. Já no final da década de 60, o conflito tinha feito 500 mil mortos. Centenas de sulistas esconderam-se nas florestas, armados, ou escaparam para campos de refugiados dos países vizinhos. Em 1969, os rebeldes já desenvolviam contactos com o exterior para obterem armas e víveres. Israel e Zaire (hoje República Democrática do Congo) estão entre os Estados que apoiaram os rebeldes. Após o golpe de Estado de 1969, a ofensiva do Governo contra o sulistas perdeu intensidade e terminou com a assinatura dos acordos de Addis Abeba, em 1972, que garantiam autonomia para a região Sul. A guerra civil regressou em 1983, com a instauração da "sharia" e a formação do SPLA, pelo tenente-coronel John Garang, e braço armado da guerrilha, o Movimento para a Libertação do Povo do Sudão (SPLM). Em 1986 estimava-se que o SPLA tivesse 12.500 apoiantes, organizados em doze batalhões e equipados com armas de pequeno porte e alguns morteiros. Três anos depois, a força do SPLA rondava já os 30 mil combatentes, tendo aumentado mais 20 mil nos dois anos seguintes. O violento conflito, que terá provocado mais de dois milhões de mortos, na sua maioria vítimas da fome e de doenças, chegou ao fim com os acordos de paz assinados em Janeiro de 2005. O documento prevê que a população do Sul passe a receber parte dos recursos resultantes da exploração petrolífera e a realização dentro de alguns anos de um referendo sobre a possibilidade de separação da região do resto do país, de maioria muçulmana. |
Uganda procura helicóptero onde seguia ex-líder rebelde sudanês
Segundo o tenente-coronel, Shaban Bantariza, porta-voz das Forças Armadas do Uganda, a operação foi lançada, depois dos controladores terem perdido o contacto com o helicóptero, que partiu a noite de ontem de Kampala, onde Garang esteve reunido com o Presidente ugandês, Yoweri Museveni.
“Sabemos que ele saiu daqui e para onde ia, mas não sabemos onde está”, explicou o responsável, revelando que o aparelho “não comunicou com a torre de controlo”.
Segundo Bantariza, o helicóptero tinha como destino o Sul do Sudão, base do Exército de Libertação do Povo do Sudão (SLPA), a guerrilha liderada por Garang, que durante mais de duas décadas lutou contra o Governo islâmico de Cartum.
Também o Governo sudanês já confirmou que o vice-presidente está desaparecido desde a noite de ontem, acrescentando ter indicações de que o aparelho poderá ter sido obrigado a fazer uma aterragem forçada devido ao mau tempo.
Na sequência dos acordos de paz assinados em Janeiro entre o SPLA e o Governo, pondo fim a mais de 20 anos de guerra civil, Garang assumiu a vice-presidência sudanesa, um cargo acima de tudo simbólico.