Governo vai travar construção de novas linhas do metro do Porto
Segundo Mário Lino, o contrato para o metro do Porto, celebrado em 1998, previa que as linhas da primeira fase terminassem em 2002 e que o investimento realizado fosse de 800 milhões de euros. "Mas estamos no segundo semestre de 2005, o projecto ainda não acabou e já gastámos nele 2,4 milhões de euros, ou seja, o triplo do inicialmente previsto", observou o ministro, ao inaugurar o lanço da Linha Verde do metro, ligando os centros do Porto e da Maia.
Por isso, disse o titular da pasta das Obras Públicas, não serão criadas novas linhas até “as coisas ficarem devidamente arrumadas, ao nível da sustentabilidade económico-financeira e do enquadramento político legal do projecto".
Considerando que o metro do Porto "é suficientemente importante para não ser tratado de forma leviana", Mário Lino garantiu que "há desenvolvimentos deste projecto já executados que não têm suporte financeiro”. “O Governo anterior não o assegurou, o que cria uma situação difícil ao metro", argumentou ainda.
Para o ministro o projecto desenvolveu-se até agora "com muitos méritos, mas também com decisões que não estavam devidamente sustentadas, e tem uma ambição muito grande pela frente".
Numa alusão à reconversão de parte da Avenida da Boavista, parcialmente suportada pela Metro do Porto SA, Mário Lino disse que se fizeram investimentos "que nada têm a ver com o metro, mas com questões urbanísticas". Agora, rematou, é a hora de "arrumar a casa" e as partes envolvidas - Governo, autarquias e administração da Metro do Porto - "vão ter de se entender".
Administração nega derrapagem financeiraO presidente da Metro do Porto, SA, Valentim Loureiro, contestou as palavras do ministro, negando qualquer derrapagem financeira no projecto. Disse também não acreditar que o Governo "seja capaz de pôr em causa tudo aquilo que os seus antecessores fizeram", travando a expansão da rede de metropolitano ligeiro.
"Está em Diário da República a aprovação da linha de Gondomar. Não é invenção, é uma resolução do Conselho de Ministros de 31 de Julho de 2003", observou Valentim Loureiro, comentando que "Lisboa não pode continuar a tratar o Porto como uma região de somenos".
Referindo-se às alegadas derrapagens nos custos, Valentim Loureiro disse que o metro "não é a Casa da Música", que - segundo ele - quintuplicou custos sem aumentar a obra. Na Metro do Porto, SA, "nunca se realizou qualquer despesa sem ter a cobertura do Governo", afiançou o também presidente da Câmara de Gondomar.
Valentim Loureiro admitiu que os custos tenham triplicado, como afirmou o ministro, mas frisou que o projecto inicial "era muito mais pequeno", um dado que disse ter sido omitido pelo ministro.
A maneira como Mário Lino se expressou, "referindo um investimento que passou de 800 milhões para 2,4 mil milhões, pode espelhar verdade. Mas tem de acrescentar que uma coisa é fazer-se uma casinha e outra é um conjunto de casas", sublinhou o major no final da inauguração do primeiro troço da Linha Verde do metro.
Centro da Maia mais perto do PortoO troço de 6,8 quilómetros da Linha Verde inaugurados hoje permite viajar do centro da Maia ao do Porto (Bolhão) em cerca de 25 minutos. Espera-se que venha a ser utilizado por 1,8 milhões de passageiros por ano.
Neste lanço da Linha Verde, em que foram investidos 103 milhões de euros, as composições circularão de 10 em 10 minutos, frequência ainda a ajustar em função da procura.
De acordo com a calendarização prevista pela Metro do Porto SA, até ao fim do ano será inaugurado o troço seguinte desta linha, entre o Fórum da Maia e o Instituto Superior da Maia, com 4,8 quilómetros de extensão e mais quatro novas estações. A continuação desta linha - que deverá terminar na Trofa, aproveitando o antigo canal da linha da CP - está ainda dependente da aprovação do Governo.
Com a inauguração de hoje, a rede de metro do Porto em exploração comercial atinge 29 quilómetros de extensão, repartida por três linhas. Já estavam em exploração as linhas Azul (Estádio do Dragão/Senhor de Matosinhos) e a Vermelha, no troço entre o Estádio do Dragão/Pedras Rubras. Em Outubro, a exploração comercial da Linha Vermelha estende-se até Mindelo, Vila do Conde.
Segunda-feira, ocorrerá a primeira viagem experimental em 80 por cento do traçado de uma quarta linha da rede, a Amarela, entre o Pólo Universitário da Asprela e a Câmara de Gaia. A inauguração deste troço da Linha Amarela, que atravessa o rio Douro pela Ponte Luiz I e o centro urbano do Porto em túnel, deverá ocorrer entre a última semana de Agosto e a primeira de Setembro.