Sindicato dos Jornalistas acusa Prensa Ibérica de "irresponsabilidade"
A direcção do Sindicato, em comunicado hoje divulgado, "insiste que a Prensa Ibérica não pode descartar-se das suas responsabilidades até ao fim", suspendendo, como anunciou, a publicação dos dois diários a partir de amanhã.
"Com o objectivo de fazer suspender a decisão da administração", o Sindicato afirma que "prossegue a sua acção, nos planos nacional e internacional".
Sublinha o "importante movimento de opinião de personalidades e instituições portuguesas", bem como das federação de jornalistas europeia (FIJ), de Espanha e autonomias espanholas, em prol da continuidade dos diários.
"Ao abandonar como abandona este processo, a Prensa Ibérica opta por uma atitude irresponsável, que não honra o grupo nem inspira confiança", afirma.
Para o Sindicato, o grupo de capital espanhol "enfrentará séria desconfiança quanto aos seus intentos e capacidade para assumir todos os riscos das suas estratégias expansionistas, se algum dia pretender voltar a investir em Portugal".
Com a decisão de encerramento, adianta, a Prensa Ibérica "silenciou dois jornais que representam oportunidades irrepetíveis de diversidade informativa".
Os jornais “O Comércio do Porto”, o mais antigo de Portugal continental, e “A Capital”, empregam perto de 150 trabalhadores.
A edição de amanhã será a última a ser publicada pelos dois diários, segundo foi hoje comunicado pela administração à direcção das publicações.
Reunião com trabalhadores na segunda-feiraO Sindicato adianta ainda que estão agendadas para segunda-feira reuniões com os trabalhadores dos dois jornais, tendo como objectivo analisar a situação e as medidas a tomar.
O administrador da Prensa Ibérica para Portugal, António Matos, afirmou hoje que a rescisão dos contratos de trabalho será negociada individualmente, rejeitando o despedimento colectivo, e que os trabalhadores terão direito a indemnizações.
Em comunicado enviado hoje aos cerca de 50 trabalhadores do jornal “O Comércio do Porto”, a administração justificou a suspensão da publicação a "grave" situação financeira e o falhanço das posteriores tentativas de viabilização.
De acordo com a administração, o prejuízo da empresa gestora de “O Comércio do Porto”, a New D, foi superior a 1,2 milhões de euros no primeiro semestre do ano.
Nos últimos 3 anos, adianta o comunicado, o prejuízo ascendeu a seis milhões de euros, em consequência do "não aumento visível das vendas e da quebra das receitas publicitárias".