Líder palestiniano vai instalar-se em Gaza até ao final da retirada israelita
"Vou hoje para Gaza e vou permanecer lá durante todo o período de retirada, para acompanhar todos os detalhes", afirmou Abbas, garantindo que vai manter contactos com todas as facções palestinianas.
O líder palestiniano tem estado sob pressão internacional, para garantir que os movimentos armados não dificultem a retirada israelita, numa altura em que o Exército hebraico tem de enfrentar a resistência de vários colonos que recusam abandonar as suas casas.
Os radicais poderão atacar os colonos, com o objectivo de mostrar que a retirada se deve à pressão exercida pelos movimentos armados sobre alvos israelitas. Ainda no fim-de-semana passado, um casal de israelitas que viajava de carro junto a um colonato foi abatido a tiro por dois palestinianos armados.
Apesar de as duas partes terem prometido colaborar para o sucesso da retirada, os últimos contactos têm terminado sem resultados, com a Autoridade Palestiniana a acusar o Governo israelita de ignorar os apelos para a clarificação de alguns pontos e este a criticar os palestinianos de incapacidade para impedirem ataques contra os seus postos na região.
Segundo Abbas, é necessário que Israel concretize as promessas feitas sobre a reabertura do aeroporto de Gaza, da reconstrução do porto marítimo da cidade, bem como o direito dos palestinianos circularem livremente entre a Faixa de Gaza (que vai passar a estar sob o seu controlo) e a Cisjordânia (onde Israel manterá boa parte do território sob ocupação). “Até agora não obtivemos respostas de Israel”, lamentou Abbas, acrescentando que “mesmo que as respostas cheguem esta semana, será demasiado tarde”.
Israel admite acelerar retiradaEntretanto, o Governo israelita está a estudar a hipótese de acelerar a evacuação, uma vez que há sinais de que a resistência poderá ser inferior à inicialmente prevista. Segundo o plano aprovado pelo Governo, o Exército teria, a partir de 15 de Agosto, quatro semanas para transferir os colonos que se recusem a abandonar voluntariamente as suas casas e outras quatro para demolir (a pedido da Autoridade Palestiniana) os colonatos.
Fontes militares citadas pelo diário "Yediot Ahronot" adiantam que 70 por cento dos colonos pretendem abandonar de livre vontade as suas casas, enquanto a agência governamental responsável pelos assuntos civis relacionados com retirada adianta que 40 por cento das 1480 famílias israelitas residentes em Gaza aceitaram as indemnizações oferecidas pelo Governo.
Face a estes números, o Exército e o Governo israelitas consideram que quanto mais depressa ocorrer a evacuação, menos oportunidades terão os colonos resistentes e os seus apoiantes de perturbarem o processo.
Cerca de oito mil colonos israelitas residiam em Gaza antes do início da evacuação, mas apesar de muitos já terem partido, os resistentes contarão agora com o apoio de dois mil activistas ultra-nacionalistas que entraram na região para tentar impedir as evacuações forçadas.