CDS-PP desafia primeiro-ministro a avançar com moção de confiança no Parlamento
O desafio deixado pelos democratas-cristãos surge após a primeira alteração na equipa de Sócrates. Anteontem, Campos e Cunha apresentou a sua demissão da pasta das Finanças, alegando razões pessoais, familiares e de cansaço, segundo uma nota do gabinete do primeiro-ministro. Para ministro das Finanças foi nomeado Teixeira dos Santos, até aqui presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O novo ministro tomou ontem posse, estando agendada para esta tarde a tomada de posse dos seus secretários de Estado.
Ribeiro e Castro considerou que a demissão de Campos e Cunha e a sua substituição por Teixeira dos Santos "não pode ser desvalorizada, nem diminuída", argumentando que esta criou "uma crise" que "mina o clima de confiança e abala quer a credibilidade interna, quer a credibilidade externa do Governo".
O dirigente popular, que falava em conferência de imprensa na sede do CDS-PP, acompanhado pelos dirigentes Nuno Melo, João Almeida e Mota Campos, convida agora José Sócrates “a propor um voto de confiança na Assembleia da República", acrescentando que, "diante da grave situação do país, tendo provocado tropeços tão inéditos e num quadro de tanta delicadeza e vulnerabilidade para Portugal, o Governo tem precisamente a estrita obrigação de usar esse instrumento constitucional".
Embora reconhecendo que "ninguém tem dúvidas que a moção será aprovada" com os votos da bancada socialista, o presidente do CDS-PP sustentou que José Sócrates poderá "mostrar que tem uma maioria coesa" que apoia a sua estratégia económica e financeira.
Ribeiro e Castro recusou, pelo menos para já, apresentar uma moção de censura ao Governo de José Sócrates, argumentando que não quer "fazer guerrilha", mas sim "contribuir para a estabilidade".
A aprovação de uma moção de censura ou a rejeição de uma moção de confiança no Parlamento ditariam a queda do Governo, mas a actual maioria absoluta do PS (121 dos 230 deputados) impede que tal aconteça.
À semelhança do que afirmou o líder do PSD, Marques Mendes, em entrevista à RTP, ontem à noite, Ribeiro e Castro defendeu que "está a faltar a palavra do Presidente da República" sobre a situação política e acusou Jorge Sampaio de ter agora uma atitude diferente da que tinha com o anterior Executivo, de maioria PSD/CDS-PP. "Parece-me óbvio que é diferente a forma como está a actuar agora e como actuou antes, até porque, em matéria de trapalhadas, tem havido muitas", acusou o líder do CDS-PP, recordando que Jorge Sampaio dissolveu o Parlamento após "a demissão de um ministro que não tem a relevância do ministro das Finanças". "Não quero com isto sugerir que o Presidente da República deva decidir de igual forma e dissolver a Assembleia da República", ressalvou, lembrando que o CDS-PP contestou, na altura, essa decisão.