Guantánamo: Pentágono confirma que há prisioneiros em greve de fome

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Meio milhar de detidos estão há quase quatro anos detidos sem culpa formada ou direito a defesa Andres Leighton/AP

“Trata-se de uma acção temporária de certos detidos para protestar contra o facto de continuarem detidos”, lê-se num comunicado emitido pelo organismo militar que gere o presídio. Segundo uma fontes militares, citadas pela AFP, serão 52 os detidos que participam no protesto, iniciado há três dias.

“Todos estão a ser seguidos por médicos e o controlo das suas funções vitais está a ser feito diariamente”, adianta o comunicado, garantindo que os militares “continuam a oferecer-lhes comida e água”.

Estas informações contrastam com as fornecidas por dois afegãos libertados no início desta semana de Gantánamo. Em declarações à AP, já em Cabul, Habir Russol afirmou que 180 detidos estão há quase duas semanas “sem comer nem beber”.

Por seu lado, Moheb Ullah Borekzai explicou que os grevistas protestam devido “aos maus-tratos que algumas pessoas foram submetidas durante os interrogatórios”. “Mas estão também a protestar porque estão há quase quatro anos na prisão e querem ser libertados”, afirmou.

O presídio de Guantánamo, situado numa zona de Cuba ocupada pelos EUA, alberga cerca de 500 detidos, a maioria capturados durante a operação militar no Afeganistão, desencadeada no Outono de 2001, sob suspeito de pertencerem à Al-Qaeda. Quase quatro anos após a sua detenção, menos de uma dezena de detidos foi formalmente acusada, estando os restantes presos sem culpa formada ou direito a defesa.

Face à crescente pressão internacional, o Departamento de Estado norte-americano vai enviar uma delegação ao Afeganistão e Arábia Saudita (países de origem da maioria dos detidos), a fim de discutir o eventual repatriamento dos prisioneiros. “Queremos repatriar o maior número possível de detidos, entre aqueles que já não representam uma ameaça e entre aqueles cujos Governos aceitem receber, apesar de continuarem a ser perigosos”, declarou à AFP Pierre-Richard Prosper, conselheiro do Departamento de Estado para os crimes de guerra.

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