Guerra dos Mundos

Entre a claustrofobia familiar e a evocação do 11 de Setembro (literal: o pó que cobre o rosto de Tom Cruise, a multidão olhando para cima, presenciando o ataque, a própria nomeação da palavra "terroristas", as roupas das vítimas planando no ar), Spielberg fez um filme negro e angustiante - o seu melhor (e mais adulto) desde "Relatório Minoritário".

Dá-se ao luxo de pôr o filme de acção a correr atrás de uma família, interessa-lhe menos a invasão extraterrestre(é por isso que mal se vêem os ETs na sequência emque irrompem do interior da terra e atacam pela primeira vez) do que os homens (e os seus limites de humanidade). Nem a sua tendência para resoluções convencionais ou conclusões facilitistas que,por vezes, ameaçam arruinar o filme que está para trás, se verifica. Quando, no final, a família se reencontra, o episódio vem fornecer a chave que faltava - ou seja, a releitura de "Guerra dos Mundos"como a prova pela qual um pai tem de passar para ser aceite pelos filhos -, mas está longe de ser um desfecho feliz: o pai (Tom Cruise) fica à distância,a casa (de família) não lhe é admitida.

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