Poder revolucionário do Quirguistão quer legitimar-se nas presidenciais
Segundo sondagens realizadas nas vésperas do escrutínio, Kurmanbek Bakiev, um dos mais destacados líderes do levantamento revolucionário, deverá sair vencedor à primeira volta com 60 a 70% dos votos dos cerca de três milhões de eleitores.
Esta confortável vitória dever-se-á ao facto de Bakiev ter o apoio dos restantes dirigentes importantes da "revolução rosa". Felix Kulov, que saiu da prisão de Akaiev para dirigir as forças de segurança e restabelecer a ordem no Quirguistão, decidiu apoiar Bakiev a troco da pasta de "Primeiro-ministro com poderes alargados" do futuro governo. Adakhan Madumarov, outro conhecido político quirguize, trocou o seu apoio pelo cargo de vice-primeiro-ministro.
Os restantes cinco candidatos são: Akbarali Aitikeev, dirigente do Partido da Defesa dos Direitos dos Industriais, Homens de Negócios e Deserdados; Jirpar Jekcheev, líder do Movimento Democrático; Kenechbek Duchebaev, conhecido por ter dirigido o Ministério do Interior do Quirguistão durante dois dias da "revolução rosa" e não ter conseguido restabelecer a ordem; Tursunbaia Bakir Uulu, defensor dos direitos humanos, e uma mulher, Toktaiim Umetalieva, dirigente da Associação das Organizações Não Governamentais. Segundo as sondagens, nenhum destes candidatos deverá ir além dos 5-7 por cento dos votos.
Os sociólogos chamam a atenção para o facto de a abstenção ser o principal obstáculo que Bakiev terá de superar. Em conformidade com a lei eleitoral quirguize, as eleições só serão consideradas legítimas se nelas participarem mais de 50 por cento dos eleitores inscritos nos cadernos eleitorais.
A fim de evitar o fracasso das eleições devido à abstenção, a Comissão Eleitoral Central do Quirguistão decidiu alargar o horário da votação em mais duas horas, das 7 às 21 horas. Mais de 250 observadores dos Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Tailândia e Ucrânia irão acompanhar o escrutínio.
Medidas de segurança reforçadasNão obstante a campanha eleitoral ter decorrido sem incidentes, as autoridades quirguizes decidiram tomar fortes medidas de segurança em todo o país. "A situação está completamente controlada pelas forças da ordem. Não foram registadas nenhumas tentativas de desestabilizar a situação" - declarou Nurdin Jangaraev, porta-voz do Ministério do Interior do Quirguistão, acrescentando que "o centro de Bichkek, capital do país, será patrulhado por trezentos polícias e mais de mil quinhentos garantirão a ordem nas cerca de duas mil mesas de voto".