Parlamento da Madeira chumba voto de protesto contra declarações de Jardim
Os votos de protesto foram chumbados pelos deputados da maioria PSD, apesar do apoio de todos os partidos da oposição - PS-M, CDS/PP-M, PCP-M e BE-M - numa sessão, hoje, da Assembleia Legislativa da Madeira.
No discurso de encerramento do festival "48 Horas a Bailar", domingo à noite, em Santana, Alberto João Jardim afirmou não querer os chineses a fazer negócio no arquipélago.
"Portugal já está sujeito à concorrência de países fora da Europa, os chineses estão a entrar por aí dentro, os indianos a entrar por aí dentro e os países de leste a fazer concorrência a Portugal...", afirmou.
Confrontado com um sinal de uma pessoa entre a assistência, o líder madeirense afirmou: "Está-me a fazer um sinal porquê? Estão aí uns chineses? É mesmo bom para eles ouvirem porque eu não os quero aqui".
O PS-M considera que as declarações de Alberto João Jardim "ultrapassaram todo e qualquer limite do aceitável e são gravemente atentatórias da dignidade da autonomia, da credibilização da política e minam os fundamentos da região democrática e de direito que somos".
Os socialistas consideram ainda que as afirmações constituem "um inadmissível e perigoso ilícito apelo à violência, à discriminação, ao racismo" e "deixam os madeirenses espalhados pelas várias comunidades em todo o mundo, numa situação incómoda e desprotegida, o que avoluma a manifesta gravidade de tão irresponsáveis dislates".
O voto de protesto do BE-M realça que as declarações do líder madeirense, ao afirmar não querer os chineses e indianos na região, "denotam o seu carácter xenófobo e racista, nas quais não se revêem, certamente, a população da Madeira e Porto Santo" por apelarem "implicitamente ao ódio racial e à discriminação dos imigrantes, que tanto têm contribuído para a economia regional".
O BE-M exigia, por isso, uma "retratação pública com o consequente pedido de desculpas".
O deputado do PSD-M e vice-presidente da Assembleia Legislativa, Miguel de Sousa, lembrou que quando os partidos de esquerda falam contra o imperialismo americano "nunca ninguém lhes chamou de xenófobos" e que aquilo que estava subjacente nas declarações era o "expansionismo" chinês e indiano, que, no seu entender, constitui uma ameaça.
"Como é uma ameaça, devemos defender-nos", afirmou.