Parlamento da Madeira chumba voto de protesto contra declarações de Jardim

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O PS local entende que estas declarações xenófobas colocam as comunidades portuguesas no exterior numa situação incómoda e desprotegida Carlos Lopes/PÚBLICO

Os votos de protesto foram chumbados pelos deputados da maioria PSD, apesar do apoio de todos os partidos da oposição - PS-M, CDS/PP-M, PCP-M e BE-M - numa sessão, hoje, da Assembleia Legislativa da Madeira.

No discurso de encerramento do festival "48 Horas a Bailar", domingo à noite, em Santana, Alberto João Jardim afirmou não querer os chineses a fazer negócio no arquipélago.

"Portugal já está sujeito à concorrência de países fora da Europa, os chineses estão a entrar por aí dentro, os indianos a entrar por aí dentro e os países de leste a fazer concorrência a Portugal...", afirmou.

Confrontado com um sinal de uma pessoa entre a assistência, o líder madeirense afirmou: "Está-me a fazer um sinal porquê? Estão aí uns chineses? É mesmo bom para eles ouvirem porque eu não os quero aqui".

O PS-M considera que as declarações de Alberto João Jardim "ultrapassaram todo e qualquer limite do aceitável e são gravemente atentatórias da dignidade da autonomia, da credibilização da política e minam os fundamentos da região democrática e de direito que somos".

Os socialistas consideram ainda que as afirmações constituem "um inadmissível e perigoso ilícito apelo à violência, à discriminação, ao racismo" e "deixam os madeirenses espalhados pelas várias comunidades em todo o mundo, numa situação incómoda e desprotegida, o que avoluma a manifesta gravidade de tão irresponsáveis dislates".

O voto de protesto do BE-M realça que as declarações do líder madeirense, ao afirmar não querer os chineses e indianos na região, "denotam o seu carácter xenófobo e racista, nas quais não se revêem, certamente, a população da Madeira e Porto Santo" por apelarem "implicitamente ao ódio racial e à discriminação dos imigrantes, que tanto têm contribuído para a economia regional".

O BE-M exigia, por isso, uma "retratação pública com o consequente pedido de desculpas".

O deputado do PSD-M e vice-presidente da Assembleia Legislativa, Miguel de Sousa, lembrou que quando os partidos de esquerda falam contra o imperialismo americano "nunca ninguém lhes chamou de xenófobos" e que aquilo que estava subjacente nas declarações era o "expansionismo" chinês e indiano, que, no seu entender, constitui uma ameaça.

"Como é uma ameaça, devemos defender-nos", afirmou.