Imigrantes condenam declarações "racistas e xenófobas" de Jardim

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Alberto João Jardim: “Estão aí uns chineses? É mesmo bom para eles ouvirem porque eu não os quero aqui" Carlos Lopes/PÚBLICO

O presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Chow y Ping, afirmou conhecer "bem as ideias racistas e xenófobas" de Alberto João Jardim e lamentou "não ter suficiente força política para o levar" à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (COCDR), da qual faz parte.

Alberto João Jardim "é o rei da Madeira, que comparo com o presidente da minha aldeia", afirmou o mesmo responsável, adiantando que "em tempos difíceis está a arranjar um bode expiatório para desviar a atenção da opinião pública de assuntos bem mais graves e importantes".

Sublinhou que apesar de dizer que "não gosta, nem quer os chineses na Madeira", Alberto João Jardim "vai comprar e utilizar muitos produtos chineses para continuar a conquistar os seus eleitores nas próximas eleições".

O presidente da Solidariedade Imigrante, Timóteo Macedo, classificou de "xenófobas" as declarações do presidente do Governo Regional da Madeira e considerou que em "nada contribuem para a política de imigração que se pretende implementar em Portugal", com destaque para a integração e a solidariedade.

"Já estamos habituados a este tipo de afirmações irresponsáveis", disse à Lusa Timóteo Macedo, adiantando que os imigrantes "não vêm competir com ninguém".

Destacou que "que chegam a Portugal para colmatar necessidades que existem em vários sectores de actividade e fazer o trabalho que os portugueses não querem".

Por sua vez, a presidente da Associação dos Imigrantes Russófonos, Elena Liachtchenko, considerou que as declarações de João Jardim são "ridículas" e "só demonstram a fraqueza do líder do Governo Regional da Madeira".

"Se estivesse tudo bem, Alberto João Jardim não fazia este tipo de declarações, que são um pedido de ajuda a Lisboa", disse à Lusa Elena Liachtchenko.

Para esta responsável, o que Alberto João Jardim merecia é que "os madeirenses também fossem impedidos de entrar na China, na Índia ou em países da Europa de leste".

Ontem, no encerramento da festa "48 horas a bailar", em Santana, Alberto João Jardim manifestou-se contra a entrada de imigrantes chineses, indianos e dos países da Europa de leste na ilha da Madeira.

"Portugal já está sujeito à concorrência de países fora da Europa; os chineses estão a entrar por aí adentro, os indianos a entrar por aí adentro e os países de leste a fazer concorrência a Portugal", afirmou.

Confrontado com um sinal de uma pessoa entre a assistência, o líder madeirense respondeu: "Está-me a fazer um sinal porquê? Estão aí uns chineses? É mesmo bom para eles ouvirem porque eu não os quero aqui".