Barragem de Alvito transfere 18 milhões de metros cúbicos de água para albufeira de Odivelas
A albufeira de Odivelas, que serve para o regadio do perímetro do mesmo nome, apresentava, na primeira quinzena de Junho, menos de metade da água da sua capacidade máxima de armazenamento (que é de 103 milhões de metros cúbicos) no último relatório quinzenal do Programa de Acompanhamento e Mitigação dos Efeitos da Seca.
Alvito -que serve para o abastecimento público de cinco municípios, num total de cerca de 30 mil habitantes - tinha, nessa altura, perto de 88 por cento de disponibilidades de água, considerando que, à cota máxima, armazena aproximadamente 197 milhões de metros cúbicos.
A maioria dos caudais libertados (dez milhões de metros cúbicos) segue para Odivelas "para reforçar a água disponível para rega", explicou Nuno Lecoq, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo com o pelouro do Ambiente.
O caudal restante destina-se a captações directas no rio Sado (um milhão), à rega de mil hectares de olival localizados entre o perímetro de Odivelas e do Roxo (cinco milhões) e os outros dois milhões de metros cúbicos, frisou o responsável, "estão contabilizados nas perdas e infiltrações" que vão ocorrer, inevitavelmente, durante o trajecto dos caudais.
Nuno Lecoq argumentou que os impactos "só serão positivos", não causando "qualquer problema a Alvito, que tem água suficiente".
O presidente da Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas (ABORO), Manuel Canilhas, disse que a rega, tal como até agora, "vai processar-se com normalidade no perímetro de Odivelas", que compreende quase 13 mil hectares, 30 por cento dos quais com plantações de culturas de Primavera/Verão.
Já o presidente da Associação de Municípios do Alentejo Central (AMCAL), Francisco Orelha, cujos concelhos são abastecidos por Alvito, frisou a importância da operação não se prolongar "durante muito tempo", para não "degradar ainda mais a qualidade da água da albufeira".
"É preciso que seja mantido um caudal contínuo para não turvar a água. A qualidade tem diminuído de ano para ano, com os focos de poluição que ainda temos na barragem (esgotos e agro-pecuária), e não queremos aumentar o problema".