Live 8: concerto contra a pobreza em África em dez palcos mundiais (actualização)
É também o mais político do que o seu antecessor de há 20 anos, o Live Aid. Em Edimburgo, 120 mil pessoas saíram às ruas nas vésperas da reunião do G8 naquela região. O organizador deste Live 8 é o mesmo de 1985, Bob Geldof, e quer agora que a pressão da opinião pública obrigue os políticos a pôr África na agenda.
Vinte anos depois do Live Aid, a fome em África não desapareceu, mas os dez megaconcertos de hoje não têm como alvo principal angariar fundos para alimentar o continente e sim fazer pressão sobre os líderes mundiais através da opinião pública. É ao Grupo dos Oito (G8), que tem a sua cimeira anual na Escócia de 6 a 8 de Julho, que o Live 8 é também dirigido - serão uma espécie de espectadores-fantasmas. Vinte anos depois, o maior evento musical e humanitário da história está mais político.
Com um milhão nas ruas e 5500 milhões de telespectadores previstos, Bob Geldof e Bono Vox, que relançaram o evento há dois meses, querem levar George W. Bush, Tony Blair, Jacques Chirac, Gerhard Schroeder, Silvio Berlusconi, Paul Martin, Junichiro Koizumi e Vladimir Putin a perdoar a dívida de África, a duplicar a ajuda ao continente e a promover um comércio mais justo.
Quando o alinhamento foi revelado no início de Junho, Bob Geldof, o músico irlandês mentor do Live Aid, disse: "Nós não queremos o dinheiro das pessoas; nós queremos as pessoas." Geldof tem a expectativa de que o envolvimento de algumas das maiores estrelas pop/rock mundiais nos concertos simultâneos "crie pressão política interna" em cada um dos oito países mais industrializados do mundo.
Entretanto, na capital da Escócia, Edimburgo, saíram hoje às ruas 120 mil pessoas para se manifestarem contra o encontro do G8, que dentro de poucos dias se reunirá em Gleneagles. Os manifestantes querem pressionar os líderes dos países mais ricos do mundo a lutarem contra a "pobreza inaceitável" que continua a existir no mundo. A grande maioria dos manifestantes estavam vestidos de branco, um apelo da organização Make Poverty History.