A história da Companhia das Lezírias

Quais são as origens da Companhia das Lezírias?A maior companhia agrícola portuguesa, actualmente com capitais exclusivamente públicos, nasceu em 1836, então como Companhia das Lezírias do Tejo e Sado. Foi constituída por um grupo de empresários e proprietários da época com o objectivo de adquirir, em hasta pública, extensas propriedades das casas do Infantado, das Rainhas, da Patriarcal e da Coroa, que a rainha D. Maria II resolveu alienar para tentar equilibrar as finanças públicas. A empresa comprou, então, 48 mil hectares por 2 mil contos de réis. A sua estrutura accionista dispersou-se bastante durante a primeira metade do século XX, quando extensas áreas da companhia foram progressivamente vendidas para melhorar o seu desempenho. Já a 13 de Novembro de 1975, a empresa foi nacionalizada e evoluiu posteriormente para sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos.

O que é actualmente a companhia?A empresa ribatejana tem sede em Samora Correia e possui cerca de 20 mil hectares de terrenos, situados sobretudo nos concelhos de Benavente, Vila Franca de Xira e Salvaterra. Detém, também, várias propriedades urbanas nas principais localidades da região. Entre as suas produções, destacam-se o arroz (cerca de 7000 toneladas anuais), a cortiça (6500 hectares de sobreiros), o milho, o vinho, a carne bovina e os cavalos. Emprega 93 trabalhadores, para além de colaboradores sazonais.

A empresa tem apostado no turismo?As últimas administrações da Companhia das Lezírias têm apostado na diversificação das actividades, desenvolvendo alguns projectos de agro-turismo, mas também loteamentos urbanos e projectos de produção de energia eólica e de exploração de uma pedreira. No campo do turismo, a empresa tem seguido filosofias distintas. Investiu no Centro Equino de Braço de Prata, onde realiza provas hípicas e instalou um restaurante e uma quinta pedagógica. Pretende, também, edificar um pequeno hotel. Já no Cabo da Lezíria (junto ao extremo sul da Ponte Marechal Carmona) resolveu concessionar um espaço significativo, onde uma empresa de Vila Franca está a desenvolver o Pólo do Cabo, empreendimento com hotel, campo de golfe e outras actividades. Paralelamente, a Companhia das Lezírias criou reservas cinegéticas.

A companhia pode ser privatizada?O futuro da Companhia tem andado um pouco ao sabor das maiorias governativas. O PSD defende a sua privatização, o PS está contra. Os governos de António Guterres retiraram a empresa do pacote das privatizações, mas o governo de Durão Barroso retomou essa possibilidade e chegou a mandar estudar o melhor modelo de privatização. O novo Governo já anunciou que não vai privatizar a companhia.

A empresa tem resultados positivos?A companhia obteve, no exercício de 2004, um resultado líquido positivo de 1,57 milhões de euros e alcançou, pela primeira vez desde 1974, resultados de exploração corrente positivos de cerca de um milhão de euros, sem considerar as receitas da venda de cortiça. Depois de anos de resultados negativos, a empresa encetou um processo de reestruturação no final da década de 80 que lhe permitiu alcançar resultados francamente positivos. Nos primeiros anos deste século, a Companhia das Lezírias obteve resultados superiores aos de 2004, que a actual administração atribui, em parte, à venda de património, que, nos últimos anos, tem sido evitada. Jorge Talixa

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